Professor de escola no Citrolândia é afastado após quatro alunas denunciarem suposto abuso sexual

Um professor foi afastado de suas funções pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) após quatro alunas – de 9 a 13 anos – da Escola Municipal José Villaça Guimarães, localizada no bairro Citrolândia, terem denunciado uma suposta violação sexual. A Polícia Civil de Betim informou que instaurou um procedimento investigativo para apurar o caso e que, conforme preconiza o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os trabalhos de polícia seguem sob sigilo. 

Em um vídeo que circula nas redes sociais, uma das estudantes, de 10 anos, relata que o professor teria alisado as pernas, as costas e o ombro dela. “(Ele) ficou me chamando de ‘gostosa’, de ‘linda’, de ‘meu amor’, de ‘princesa’", disse a menina nas imagens.  
A reportagem de O Tempo Betim conversou com a mãe da menina, a dona de casa Cezária Gomes Pereira, de 33 anos. Ela contou que soube do ocorrido com a filha na semana passada, depois de outra menina envolvida no fato ter contado para a mãe dela o que supostamente ocorreu na escola. "As meninas falaram que, na semana passada, decidiram ir à secretaria da escola denunciar o professor. Daí, a diretoria disse que não era para elas contarem para outras crianças, afirmando que pediu isso para elas não serem expostas. Já a vice-diretora pediu que elas não contassem para os pais. Mas, quando elas foram para casa, uma começou a chorar e, ao ser questionada, contou tudo o que elas estavam passando", revelou Cezária.   

A mãe relatou que, no dia seguinte, foi à escola averiguar a situação e que o professor não estava na instituição de ensino. Depois, Cezária, conforme contou, foi até a polícia registrar um boletim de ocorrência e, em seguida, procurou o Conselho Tutelar do Citrolândia. "Nós, mães, também fomos à Semed e, nesta segunda (20), participamos de uma reunião na escola, onde nos informaram que o professor foi afastado", contou Cezária.  

A mãe da menina do vídeo revelou ainda que a filha e os irmãos não querem ir mais à escola. Cezária declarou também que a garota disse que o professor já teria a abordado outras vezes da mesma forma. "Ela me contou que está sendo apontada na escola como a 'menina que foi estuprada'. Contou também que não é a primeira vez que ele faz isso com ela, mas que, antes, ela achava que era apenas uma brincadeira. Minha filha afirmou que decidiu contar porque as investidas do professor estavam sendo frequentes. Apenas quero que a justiça seja feita e que ele pague pelo que fez", desabafou Cezária. 

A Secretaria Municipal da Educação (Semed) esclareceu, por meio de nota, que, tão logo tomou conhecimento do fato, afastou o profissional das atividades escolares até que os fatos sejam devidamente apurados e esclarecidos. Com relação à vice-diretora, que foi citada pela mãe, a Semed informou que, até que se apurem os fatos, ela será afastada pelo período sete dias. "A Semed também convocou, nesta segunda-feira (20), as famílias das alunas denunciantes e o Conselho Tutelar para uma reunião com o objetivo de ouvi-los e de orientar os familiares a abrir um boletim de ocorrência para que as autoridades competentes investiguem o caso", informou a nota.   

A Semed ressaltou ainda que segue à disposição das famílias para resguardar a integridade das alunas, oferecendo, inclusive, atendimento com psicólogos, assistentes sociais e toda a equipe multidisciplinar da pasta. "A Semed salienta que confia na atuação das autoridades para elucidar os fatos e que irá colaborar para a apuração responsável de todas as denúncias", informou a nota da secretaria. 

O Conselho Tutelar da Região 4, no Citrolândia, declarou que soube da denúncia na semana passada e que, desde então, vem acompanhando de perto o caso e tomando todos os encaminhamentos necessários, junto aos órgãos competentes, com o intuito de preservar os diretos das crianças e dos responsáveis envolvidos. "Orientamos os pais a fazerem o boletim de ocorrência. Já encaminhamos a criança cuja mãe fez o boletim de ocorrência para atendimento psicológico e psicossocial", informou o conselho por meio de nota. 

A reportagem tentou obter contato do professor para ouvi-lo, mas, até o fechamento desta edição, não havia conseguido.