RESULTADOS

O emagrecimento radical causado pelo Ozempic

Advogado de Betim perdeu 44 kg em 9 meses com a medicação para diabéticos

 
 
O advogado Marcos Vinicius Costa, de 24 anos e morador do Ingá, iniciou a jornada pela perda de peso com o Ozempic em abril de 2022, com 142 kg

As “canetas emagrecedoras” têm viralizado nas redes sociais como um método efetivo e rápido para a perda de peso. Elas contêm o Ozempic – nome comercial do medicamento fabricado pela Novo Nordisk, que tem como princípio ativo a semaglutida –, usado para tratar diabetes tipo 2 e que provoca a perda de peso como efeito secundário. Famosos e influenciadores digitais no Brasil e no mundo já admitiram tomar o remédio, como o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter) e Jojo Todynho. 

 A procura é tamanha que há escassez global dos produtos injetáveis para diabetes tipo 2, o que tem gerado versões falsificadas de semaglutida, conforme alerta feito no mês de abril pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A alta demanda levanta ainda outras questões de saúde tão preocupantes quanto: a busca pelo emagrecimento à base de remédios em casos não recomendados e o uso indiscriminado do medicamento.

INDICAÇÃO

O diretor da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Fernando Valente, explica que o Ozempic, embora não tenha sido criado com a finalidade de emagrecimento, acerta porque aumenta a sensação de saciedade e, por isso, controla a obesidade, que deve ser tratada como uma doença que leva a outras condições graves, como a hipertensão e o diabetes. O problema da propagação do remédio como “dieta milagrosa” está no uso indiscriminado . “Ele pode ser u s a d o por uma pessoa que tenha acompanhamento médico e faça a progressão de dose conforme a bula. Infelizmente, o que acontece é que muitos compram sem receita, atraídos por preços chamativos, adquirem medicamentos sem procedência conhecida e usam sem precisar”, alerta Valente.

Segundo ele, é preciso diferenciar o tratamento de obesidade do desejo social de emagrecer. “O Ozempic é o remédio mais prescrito atualmente no mundo. Uma pessoa sem indicação, por exemplo, que está com um IMC (Índice de Massa Corporal) ‘normal’, mas que não faz exercício físico, não tem uma alimentação saudável, usa o Ozempic para perder dois ou três quilos porque vai viajar. Esse uso indiscriminado é ruim e pode trazer consequências graves”, ressalta o especialista.

A recomendação da médica Consolação Oliveira, especialista em nutrologia, fisiologia hormonal e medicina ortomolecular, é que o remédio seja usado somente por quem realmente precisa. “O Ozempic deve ser mais usado por quem está com obesidade, aquela pessoa que tem dificuldade para andar, fazer a própria higiene, entrar em um carro. É um medicamento e, como tal, deve ser administrado em pacientes selecionados”, conclui Consolação.

NOVO REMÉDIO

O Ozempic fez tanto sucesso que a dona da patente (Novo Nordisk) criou o Wegovy, com a mesma substância, mas em dosagem diferente, voltada para a perda de peso. O Wegovy foi aprovado pela Anvisa em 2023, mas não tem data para chegar ao Brasil, segundo a farmacêutica.

Advogado perdeu 44 kg em 9 meses com a medicação

O advogado Marcos Vinicius Costa, de 24 anos e morador do Ingá, iniciou a jornada pela perda de peso com o Ozempic em abril de 2022, com 142 kg, acompanhado por um especialista. Devido ao sobrepeso, ele sofria com constantes lesões na prática da musculação e precisava de um medicamento que acelerasse esse processo. Inicialmente, usava 0,25 mL de Ozempic por semana: “Fui alertado sobre possíveis efeitos colaterais, mas não tive nenhum. Em menos de 60 dias, perdi 9 kg. Com isso, fomos alterando a dosagem gradativamente até chegarmos a 1,0 mL por semana”.

Marcos seguiu o protocolo, somado a exercícios e a uma boa alimentação, até janeiro de 2023, quando alcançou 98 kg. Então, encerrou o tratamento. “Hoje me sinto muito bem. Mudei completamente meu estilo de vida, e, apesar de não ter alcançado o objetivo completo, estou muito satisfeito”, conclui.