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SIM Swap: saiba como funciona o golpe que ‘clona’ números de chip

Fraudadores passam a ter acesso a aplicativos e a contas das redes das vítimas; betinenses falam sobre os transtornos sofridos

Por Sara Lira

Publicado em 04 de maio de 2024 | 09:00

 
 
A médica Ana Maria Reimer, e a empresária Jéssica Lana, foram vítimas do golpe recentemente A médica Ana Maria Reimer, e a empresária Jéssica Lana, foram vítimas do golpe recentemente Foto: Carolina Miranda/O Tempo
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“Estou com um esgotamento mental que há muito tempo eu não experimentava”. Assim a médica betinense Ana Maria Reimer iniciou uma sequência de postagens nos stories no Instagram em que relatou ter sido vítima, no dia 18 de abril, do golpe chamado SIM Swap.

Nele, o golpista adquire informações relevantes sobre a vítima, como data de nascimento, número de telefone, CPF e RG, ao “clonar” o número do chip da vítima. Para conseguir isso, o fraudador entra em contato com operadoras de telefonia, se passando pela vítima, e solicita a ativação de um novo cartão SIM, alegando que o perdeu ou que teve o chip original furtado ou extraviado. 

A partir daí, os fraudadores têm acesso a contas e a aplicativos da vítima. De posse do controle das redes sociais dela, os golpistas começam a postar sobre supostos aportes financeiro feitos pela vítima com a promessa de que, se os seguidores fizerem transferências em PIX para a conta indicada, receberão até três vezes o valor investido. 

No caso de Ana Maria, que tem mais de 37 mil seguidores no Instagram, os golpistas enviaram, por exemplo, mensagens fraudulentas para o telefone dela via SMS da TIM, informando a ela sobre uma troca de plano, mesmo sem a médica ter solicitado essa alteração.

Depois disso, Ana entrou em contato com a operadora, que informou que ela teria um feedback sobre o ocorrido em até 48 horas. No entanto, antes de obter uma resposta da empresa, a médica passou a receber notificações sobre tentativas de acesso ao Instagram dela. “Daí, recebi outra mensagem falando que a mudança do meu plano foi autorizada com sucesso. Depois disso, minha linha parou de funcionar.” 

Em seguida, Ana perdeu o acesso da sua conta do Instagram e viu que os fraudadores passaram a postar no perfil dela promessas de investimentos financeiros, supostamente oferecidos por ela. “Levei o dia inteiro para conseguir reaver a minha conta. Foi um desgaste enorme. Agora, estou estudando se vou processar a operadora, mas, provavelmente, será um dos caminhos a ser tomado”, disse Ana, que registrou um BO.

Transtorno

Outra vítima recente em Betim do mesmo golpe é a empresária Jéssica Lana. Segundo ela, tudo começou quando diversas notificações de tentativa de acessar os perfis profissionais do Instagram dela – uma das contas tem 184 mil seguidores – começaram a chegar em seu telefone.

Pouco tempo depois, as contas foram desconectadas, e o celular da empresária ficou sem sinal. “Fiquei desesperada, pois a fraude aconteceu em um dia muito importante para mim: eu estava abrindo inscrições para o meu curso. São quase oito anos de trabalho que tenho nas redes sociais”, lamentou.

Depois de ser vítima da fraude, Jéssica registrou um BO e foi até a loja da operadora para reaver seu número. Horas após, também conseguiu recuperar as duas contas no Instagram. “Vou acionar a TIM na Justiça, pois eles não poderiam ter autorizado uma mudança no meu número sem fazer uma melhor checagem de quem estava solicitando”, criticou. 

Retorno

Por meio de nota, a TIM informou que “adota protocolos rígidos de segurança, que são revisados constantemente para evitar ações indevidas nas linhas”. Ainda conforme a empresa, “a operadora está à disposição para corrigir imediatamente qualquer irregularidade nos acessos”.

Dicas para identificar os ataques

Professor de ciência da computação da PUC Minas, Matheus Alcântara Souza explica que é possível a pessoa perceber que foi vítima do golpe SIM Swap por meio de situações como perda de sinal repentina, notificações de que o número foi registrado em outro dispositivo e movimentações atípicas nos aplicativos. 

Para mitigar os riscos de se tornar uma vítima, ele diz que algumas dicas são evitar cliques em links suspeitos; não responder mensagens de origem duvidosa; manter os dispositivos atualizados e não vincular o número de telefone a apps, optando pela autenticação de segurança por meio de aplicativos.

E se acontecer comigo?

A Polícia Civil orienta que, caso a pessoa seja vítima de um golpe cibernético, procure uma delegacia ou uma base móvel da Polícia Militar, e registre a ocorrência pra que o caso seja investigado.