PIONEIRA

Referência no país, Sepa já castrou 25 mil animais

Além de castrações, Superintendência de Proteção Animal de Betim oferece série de serviços; saiba mais

Por Thalita Marinho

Publicado em 07 de junho de 2024 | 12:26

 
 
Animais doentes resgatados chegam à Sepa, são atendidos pelos veterinários; em seguida, são castrados e, depois, encaminhados pra adoção responsável Animais doentes resgatados chegam à Sepa, são atendidos pelos veterinários; em seguida, são castrados e, depois, encaminhados pra adoção responsável Foto: Fred Magno/O Tempo

Mais de 25 mil animais, entre cães e gatos, já foram castrados de forma gratuita pela Prefeitura de Betim em quase quatro anos de trabalho. A ação faz parte de um conjunto de serviços oferecidos pela Superintendência de Proteção Animal (Sepa) a tutores de pets que residem na cidade e com baixa renda, bem como aos protetores de animais. O espaço, implantado pela atual administração em 2018, já se tornou referência em Minas no atendimento e no cuidado de animais resgatados nas ruas. Quem chega à sede do órgão, que funciona no antigo parque de exposições da cidade, se depara com uma ampla estrutura, totalmente adaptada para receber animais de pequeno, médio e grande portes – a maior parte do público-alvo é formada por cães e gatos, mas os veterinários também atendem cavalos e bois. 

A Sepa tem hoje mais de 300 animais abrigados, vindos de resgates de situações de maus-tratos, abandono ou doentes. Sem condições de abrigar mais bichinhos, a Sepa promove todo mês eventos de adoção em parceria com entidades e empresas. Neste mê, por exemplo, em todos os sábados será realizada essa ação.

Outros trabalhos de destaque desenvolvidos pela Sepa são as parcerias com hospitais veterinários para atendimentos mais complexos e a fiscalização, junto a órgãos como Ministério Público, Polícia Militar Ambiental e Guarda Municipal, de maus-tratos e abandono de animais. Em maio, um homem chegou a ser preso pela suspeita de ter cometido o crime de maus-tratos a 29 animais que ele abrigava em sua casa, no bairro Nova Baden, na região do Imbiruçu. E os bichinhos precisaram ser encaminhados para a Sepa pra serem submetidos aos devidos atendimentos. Um deles, infelizmente, acabou não resistindo tamanho era o estado de fraqueza.

É para evitar situações como essa e o abandono de animais que o trabalho realizado pela Sepa considerado de maior relevância é a castração. A superintendente do órgão, Roberta Cabral, destaca que o índice elevado de castrações promove não apenas o controle de cães e gatos nas ruas, mas também a saúde integrada entre humanos e animais. “Esse é um resultado muito importante para nós. Quando a superintendência foi criada, o controle animal era uma preocupação e, de lá para cá, aumentamos cada vez mais esse trabalho”, afirma. O crescimento passou de 2.306 castrações em 2020 para 5.123 neste ano, um aumento de 122% no período.

Um dos fatores que permitiram esse êxito foi a implantação do Castramóvel, há cerca de um ano. Trata-se de um veículo totalmente adaptado para a realização das cirurgias e que percorre todas as regiões da cidade, atendendo os moradores de baixa renda em sua própria região.

“É um projeto pioneiro no Brasil, o mais completo que há em todo o país e que certamente serve de exemplo para outros municípios”, diz Roberta Cabral, lembrando que parte desse total de castrações foi feita com recursos de emendas do deputado federal Fred Costa (PRD) e outra foi com recursos municipais. 

Conscientização combate maus-tratos

Na contramão do aumento de castrações feitas pela Sepa está a diminuição no registro de ocorrências de maus-tratos a animais em Betim. A superintendente Roberta Cabral credita esse resultado ao trabalho de orientação da população e de educação nas escolas realizado pelo órgão em parceria com a Guarda Municipal e com a Secretaria de Educação. 

“Nós orientamos os moradores durante nossas fiscalizações e levamos informações às crianças nas escolas por meio do projeto Mundo Animal, pois elas são multiplicadoras e nos ajudam a repercutir nosso trabalho. Em casos de denúncias que recebemos de maus-tratos, primeiramente ocorre a orientação; depois, se necessário, outros órgãos são acionados, como as polícias e o Ministério Público para a aplicação das devidas penalidades previstas em lei”, explica Roberta Cabral. 

Denúncias

A Lei Federal 14.064/2020, mais conhecida como Lei Sansão, de autoria do deputado federal Fred Costa (PRD), foi criada para ajudar entidades como a Sepa a combater os maus-tratos contra animais, em especial os cães e gatos. A legislação endureceu a pena pra quem comete o crime contra cães e gatos. Agora, em vez de dois anos, o maltrator pode receber a pena de reclusão de cinco anos pelo crime. 

A Sepa recebe as denúncias pelo WhatsApp (31) 99830-2954. Mas, na sede do órgão, há um setor de atendimento. A responsável é a assistente veterinária Ana Carolina de Oliveira. Ela explica que a Sepa recebe as denúncias de segunda a sexta, das 8h às 17h. “A gente orienta que a pessoa envie o endereço completo, as características do animal e o máximo de informações que ajudem na identificação”, conta. 

Integrante da equipe de resgate, Natália Oliveira conta como funciona o trabalho. “Hoje, por exemplo, nós resgatamos um gatinho. Ele foi achado dentro de uma serralheria. O primeiro passo é tentar identificar algum ferimento no animal. Vemos diariamente muitas histórias tristes, como cães com os olhos furados por pura maldade”, conta. Depois, a equipe coloca o animal em uma caixa de transporte e o encaminha até a Sepa, onde ele recebe o devido tratamento e é castrado. 

Estrutura diferenciada 

Quando os animais chegam à Superintendência de Proteção Animal, são colocados em espaços distintos – canil ou gatil – de acordo com a espécie e também conforme a condição de saúde. No galpão I, por exemplo, estão localizados os animais que chegam do resgate. Nesse espaço, além de receberem as primeiras medicações, eles passam por banho e tosa e permanecem uma quarentena. 

No Galpão II está a maternidade, que abriga as cadelas e seus filhotes. Lá, eles recebem todo o suporte até o momento em que são colocados para adoção. Em outro ponto do galpão, ficam os animais com deficiência. 

Na sala de consultas, médicos veterinários atendem, mediante a distribuição de senhas pela manhã e à tarde, os animais. O atendimento é feito por ordem de chegada. O profissional avalia o animal, faz pedido de exames e indicação de cirurgia (se necessário) e orienta o tratamento com medicações e outros cuidados.

A Sepa tem ainda uma farmácia, que funciona para atender os animais que estão internados. Os medicamentos são prescritos, com a orientação de horário e dosagem, pelos veterinários. Os medicamentos são separados na farmácia por fitas individuais, e essas fitas são depositadas numa espécie de caixinha de cada paciente, chamada de “bim” pela equipe da Sepa e onde estão todas as informações de cada animal. 

“Também temos a Farmácia Solidária, que recebe remédios doados por tutores e protetores. Daí, fazemos a distribuição para a população carente”, explica a veterinária Camila Lopes. 

Quer adotar um pet? 

Se você Quer adotar um pet da Sepa, saiba que o processo é simples “As pessoas podem nos visitar, podem nos ligar ou chamar no WhatsApp ou comparecer aos eventos de adoção que realizados aos fins de semana. Temos centenas de animais aptos à adoção e que estão em busca de um lar, desde filhotes até os adultos”, diz Roberta Cabral. Segundo ela, o número de adoções de 2020 para cá cresceu 112% na cidade, passando de 297 para 630 neste ano. 

A adoção pode ser feita por pessoas de outras localidades também. Não há restrição. Só é preciso comprovar residência fixa por meio de um comprovante de endereço, detalha Roberta Cabral. 

A veterinária Camila Lopes frisa que a Sepa incentiva a adoção visando tentar reinserir os animais ao seio familiar , visto que a maioria deles supostamente um dia já teve dono. “Esse é um fato triste. Muitos decidem abandonar por causa de uma doença ou até mesmo por uma situação financeira desfavorável. Os animais menores costumam ser os prediletos na adoção, e os mais velhos acabam esperando um tempo maior, chegando a ficar por mais de um ano na fila de espera”, relata a veterinária. 

A adoção de animais de grande porte, como cavalos, bovinos, caprinos e até galinhas, de acordo com Camila, é indicada para os residentes de cidades vizinhas a fim de se evitar que os animais voltem a sofrer maus-tratos dos antigos donos. Ao adotar, além de passar por uma entrevista, a pessoa assina um termo de responsabilidade.

O professor Ricardo Amorim adotou a cadela Maria Fernanda há um ano. Nesta semana, ele a levou para ser castrada na Sepa. “O atendimento é de primeira. Agora, é levá-la para a casa e continuar cuidando com amor”, diz. Par ele, “o cuidado com os animais é algo com que toda prefeitura deveria se preocupar”. 

Saiba mais

Serviços da Sepa: consultas, exames de raio X e ultrassom, cirurgias simples, castrações, resgate de animais doentes ou sob maus-tratos, além de eventos de adoção.

Público-alvo: protetores de animais cadastrados e a população de baixa renda com Cadúnico.

Como ter acesso: basta ser residente de Betim e ter o CadÚnico. Quem não tem deve procurar a regional do bairro onde mora com identidade e comprovante de endereço. 

Endereço: a Sepa funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h, na rua do Rosário, 1.840, Angola.

Telefone para consulta e exames: ( 31) 3531-3660.

Telefone para castração: (31) 3531-8132. 

Com Daniele Marzano