OPERAÇÃO MONOPÓLIO

Polícia desarticula quadrilha que coagia moradores a contratar 'internet do tráfico' no Teresópolis

Criminosos derrubavam transmissão de outras operadoras para tentar monopolizar serviço na região

Por Matheus Oliveira

Publicado em 05 de julho de 2024 | 12:14

 
 
Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na primeira fase da Operação Monopólio Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na primeira fase da Operação Monopólio Foto: Polícia Civil/Divulgação

A Polícia Civil (PC) anunciou nesta sexta-feira (5) ter desarticulado uma quadrilha que, numa prática similar a de milícias, coagia moradores do bairro Jardim Teresópolis, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, a contratar uma empresa de fornecimento de internet. A organização criminosa era formada pela prestadora de serviço, de pequeno porte, em aliança com traficantes da região.

Cinco suspeitos foram presos, sendo três sócios e dois funcionários da empresa, com idades entre 30 e 41 anos — quatro homens e uma mulher. Um dos investigados está foragido. Segundo a PC, trata-se do líder do tráfico na região, conhecido como "Gordo" ou "Duprec", que aproveitou uma saída temporária da cadeia e não retornou e contra quem estão abertos três mandados de prisão.

A investigação começou em março deste ano, após denúncias, e faz parte da primeira fase da Operação Monopólio. Segundo a PC, a quadrilha derrubava a transmissão de internet de outras operadoras, cortando fios, para tentar monopolizar o mercado na região.

"Quando técnicos das empresas prejudicadas tentavam entrar na região para restabelecer o sinal, eram ameaçados, inclusive com armas de fogo. Também chegou ao nosso conhecimento que moradores estavam sendo coagidos a contratar o serviço de uma determinada empresa de internet, inclusive chamada de 'internet do tráfico'", afirma a delegada Cristiane Floriano, da 1ª Delegacia de Betim.

De acordo com a polícia, a instalação da internet pela operadora ligada à organização criminosa custava de R$ 80 a R$ 100, e parte do lucro seria repassada para os traficantes. A PC acredita que o esquema tenha começado em março e aponta que, com ele, o número de clientes da empresa subiu de 700 para 2 mil.

As prisões foram realizadas na última quarta-feira (3 de julho), quando a polícia também apreendeu equipamentos usados pela quadrilha. Os suspeitos foram detidos pelos crimes de ameaça, extorsão, organização criminosa e interrupção de sinal de telecomunicação.

Similaridade com milícias

O esquema usado pela quadrilha é similar ao de milícias, que monopolizam o fornecimento de serviços em comunidades e cobram por ele. "A sensação é de que essa organização criminosa exercia um poder paralelo. Temos que ser rápidos para combater esse tipo de tentativa, até para que isso não se espalhe", afirma Cristiane.

Prejudica serviços

A delegada destaca, ainda, que a interrupção do fornecimento de internet pode prejudicar serviços essenciais, como hospitais e escolas, e pede que moradores denunciem, caso sejam vítimas de crimes semelhantes. "Procure a polícia, mesmo que anonimamente. Continuaremos a investigação, agora para identificar as pessoas que promoveram os cortes dos fios e as ameaças aos moradores", diz a delegada.