A mulher de 47 anos estuprada e ameaçada pelo ex-companheiro na última quarta-feira (10), em Betim, sofreu violência doméstica por 20 anos. A revelação foi feita pela própria vítima à Polícia Civil de Minas Gerais, que prendeu o homem de 51 anos de forma preventiva. O fato de não aceitar o fim do relacionamento teria motivado a ação criminosa do homem.
"Eles tiveram um relacionamento de 20 anos, inclusive têm três filhos juntos, todos maiores. Durante todo esse período, ela sofreu violência física, moral e patrimonial. Mas nunca procurou a polícia", conta a delegada Karla Moreira, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Betim.
Após duas décadas de sofrimento, a mulher deu um basta e encerrou a relação no início deste ano. Mas, segundo a PCMG, o homem começou a ir atrás dela, tendo inclusive a abordado em outra ocasião, quando ela ia para o trabalho. Até que na última quarta-feira (10), a mulher se preparava para ir trabalhar e, durante o banho, percebeu que alguém havia pulado o muro e invadido a casa.
Ao sair do banheiro, a mulher se deparou com o homem, que estava armado com uma faca, um estilete e gasolina. Neste momento, ele a obrigou a prometer que reataria o relacionamento e a manter relações sexuais com ele.
Após o estupro, segundo o inquérito, o homem tentou sequestrar a vítima. Ele forçou a mulher a colocar as coisas dela na mala, para ir para a casa dele. Mas o plano do suspeito começou a dar errado após ele chamar um carro de aplicativo.
"Enquanto ele colocava as coisas na mala, ela já dentro do carro pediu ajuda ao motorista, que por ter sido estagiário da nossa delegacia, sabia identificar sinais de violência doméstica. Ele percebeu a tensão entre os dois, saiu do local com o porta-malas aberto e foi à delegacia com a vítima", relata Karla Moreira.
A delegada reforça a importância de que toda a sociedade ajude uma mulher que denunciar ou mostrar sinais de que está sofrendo violência doméstica.
"É importante que qualquer pessoa que perceba uma mulher sofrendo violência tome a iniciativa de ajudar, pois isso pode salvar a vida dela. Se esse motorista de aplicativo não tivesse agido, ela seria vítima de um feminicídio, visto que ele estava com um punhal, um estilete e gasolina e o tempo todo a ameaçou", declara a delegada Karla Moreira.
O homem fugiu do local, mas foi preso posteriormente em casa, no bairro Jardim Teresópolis. De acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais, ele não reagiu à prisão e não tinha passagens pela polícia. Ele pode responder por estupro, tentativa de sequestro e ameaça. A pena pode chegar a 20 anos de prisão.