Os moradores de Betim, Lucas Humberto, de 33 anos, e Juan, de 12, passaram por um grande susto na última sexta-feira (10/10), na Praia Grande, em Ubatuba, no litoral de São Paulo. Eles foram salvos de um afogamento pelo guarda-vidas Gustavo Leão e pelo professor de surfe Kauê Gioia.
Lucas relata que nadava com o filho, que utilizava uma prancha de peito, quando o adolescente começou a se afastar. O pai conta que chamou Juan para voltar, mas o menino respondeu que não conseguia sair e começou a gritar por ajuda. "Meu filho ficou com medo, pedindo socorro. Ele gritava: 'Me ajuda, pai! Me ajuda, pai!'. Aí a gente desespera mesmo, né?", relembra Lucas.
Nesse momento, o pai tentou ajudar o filho, mas os dois foram puxados pela correnteza e não conseguiam retornar. "A gente tentou nadar pra beira, mas chegou uma hora que não conseguia mais sair do lugar. Vinha uma onda forte atrás da outra, aí começou o desespero. Se o pessoal não tivesse ajudado, a gente não ia conseguir sair", relata o pai de Juan.
Lucas e Juan, que ainda estão em viagem por Ubatuba, sabem nadar e já haviam frequentado a praia outras vezes, mas nunca tinham vivido uma situação semelhante. Após o susto, sentiram apenas cansaço físico e não precisaram de atendimento hospitalar. Eles decidiram deixar a praia receosos.
Pai e o filho já voltaram ao mar, mas escolheram uma praia mais calma, sem ondas fortes. "Vimos que aquele dia foi atípico. O mar estava muito forte, com uma onda atrás da outra puxando pra trás", finaliza Lucas.
O guarda-vidas Gustavo Leão contou que os turistas estavam em frente a uma placa de sinalização de perigo e já haviam sido alertados por meio de apitos. "Era um dia de extrema dificuldade pra gente, porque o mar estava muito agitado. Havia muita correnteza e várias ocorrências acontecendo ao mesmo tempo", afirmou o salva-vidas.
Segundo ele, o colega de surfe e de praia Kauê Gioia entrou no mar com a prancha para ajudar no resgate. "A gente conseguiu chegar rápido e tirar as vítimas em segurança. Deu tudo certo no final, graças a Deus", agradeceu Gustavo.
O professor de surfe Kauê relatou que casos como esse são comuns em Ubatuba e detalhou a ação de resgate.
"O Leão correu pra esquerda, porque precisava entrar no ponto certo da correnteza. Eu saí remando contra ela, com a prancha, e consegui chegar até as vítimas. Quando chegamos perto, vimos que era uma criança e o pai. Eles estavam gritando, o menino dizendo que ia morrer, que não queria morrer… Foi uma cena muito forte mesmo", contou o professor.
Ele ainda disse que o pai estava quase inconsciente e que "Deus me usou ali com as palavras certas para dar um 'choque de adrenalina' nele". Kauê afirmou ter utilizado as técnicas que ensina nas aulas de surfe e pediu que o homem colaborasse para que ambos conseguissem sair da correnteza.
Kauê e Gustavo alertam sobre os cuidados ao nadar no mar. "Eles tentaram nadar, mas contra a correnteza. O certo seria sair pelas diagonais, pelas laterais, porque assim você foge da força da correnteza", orienta o professor de surfe.
Kauê também recomenda: "Chegou em qualquer praia? Olhe, pergunte! Veja se tem salva-vidas, procure saber como está a maré do dia e onde há corrente de retorno. Buscar informações pode evitar tragédias".
O guarda-vidas complementa: "Quem não tem afinidade com o mar, quem está vindo pela primeira vez, quem não se sente confiante — ou até quem tem excesso de confiança — deve sempre perguntar sobre as condições do mar ao guarda-vidas mais próximo", reforça Gustavo. Ele ainda destaca a importância de respeitar a sinalização da praia, seja por placas ou faixas de isolamento que indicam buracos e correntes de retorno.