INVESTIGAÇÃO

Polícia Civil conclui inquérito sobre morte de bebê de 9 dias e indicia os pais por homicídio doloso em Betim

Recém-nascida foi encontrada sem vida no dia 1º de agosto, no bairro Parque Ipiranga, região do Citrolândia

Por Brunna da Matta Amorim

Publicado em 14 de outubro de 2025 | 18:22

 
 
Polícia Civil solicitou a prisão preventiva dos pais, que seguem foragidos desde a data do ocorrido Polícia Civil solicitou a prisão preventiva dos pais, que seguem foragidos desde a data do ocorrido Foto: Nelson Batista

A Polícia Civil (PC) concluiu o inquérito sobre a morte de uma bebê de 9 dias, encontrada sem vida pelos pais no dia 1º de agosto, no bairro Parque Ipiranga, região do Citrolândia, em Betim. A perícia constatou que a criança morreu por asfixia, e os pais foram indiciados por homicídio doloso, além de terem tido a prisão preventiva solicitada.

De acordo com o delegado Otávio Luiz de Carvalho, responsável pela Delegacia de Homicídios de Betim, os pais foram omissos nos cuidados com a criança, o que resultou na morte e configura responsabilidade penal. “Por volta das 2h da manhã, a criança foi encontrada morta, e os pais estavam completamente embriagados. Descobrimos que eles haviam ido a um bar com a bebê e consumido bebidas alcoólicas. Ao voltarem, colocaram a filha no meio da cama e dormiram ao lado dela, acabando por esmagá-la”, explicou o delegado.

Os investigadores tentaram localizar o homem, de 31 anos, e a mulher, de 25, mas o casal não foi localizado desde o dia do ocorrido. Uma intimação foi deixada com familiares, que foram orientados sobre a importância do comparecimento para prestar depoimento, porém os dois não se apresentaram, fato que motivou o pedido de prisão preventiva.

O Ministério Público deverá agora oferecer denúncia contra os pais, que responderão a processo criminal. A expectativa da PC é de que, em até 15 dias, haja uma definição sobre o decreto ou não da prisão. Caso condenados, os dois podem pegar de 6 a 20 anos de reclusão.

Segundo o delegado, os pais são tecnicamente réus primários. A mulher não possui antecedentes criminais, enquanto o homem tem uma passagem por tráfico de drogas quando era menor de idade.

Investigação

Durante as diligências, a Polícia Civil ouviu familiares e vizinhos. Eles relataram que o casal vivia junto há cerca de dois anos e tinha um histórico de violência doméstica, e o pai, inclusive, já agrediu a mãe com a criança no colo. Ambos faziam uso excessivo de álcool e também eram usuários de drogas.

Na madrugada da ocorrência, vizinhos contaram que a mãe saiu de casa com a bebê nos braços, gritando: “Matei minha filha, matei minha filha!”. E ela também perguntava: “O que eu faço com ela? Jogo ela no chão?”. Em seguida, a mulher retornou à residência, colocou a recém-nascida no berço e foi até a casa da avó da criança pedir ajuda.

A PC destacou que os depoimentos dos pais foram contraditórios. A mãe afirmou que, ao chegar do bar, colocou a bebê em um carrinho ao lado da cama, enquanto o pai disse que a filha dormia entre o casal. “Entendemos que a mãe mentiu para tentar se eximir da responsabilidade”, afirmou o delegado Otávio.

Outro ponto que chamou a atenção dos investigadores foi o comportamento do pai: quando a polícia chegou, ele estava dormindo, tranquilo, como se nada tivesse acontecido. Após os trabalhos periciais, o casal voltou ao bar e continuou bebendo, o que causou revolta entre os moradores da região.