Em um gesto de reconstrução que une fé, cultura e natureza, Betim vai sediar no próximo sábado (25/10) o plantio do Jardim Sagrado do Rio Paraopeba. A ação simbólica, promovida pelo projeto Paraopeba Vive, acontecerá das 8h às 12h, na Praça dos Esportes, no bairro Colônia Santa Isabel, em Betim. A iniciativa pretende transformar em vida o cenário de destruição deixado pelo rompimento da barragem em Brumadinho, em 2019, por meio do plantio de cerca de cem mudas nativas, como ingá, ipê-amarelo, aroeira e copaíba.
Segundo Tata Mebagande, líder religioso do terreiro Nzó Mona Jindanji (Caminhos de Ogum), o plantio simboliza um marco de reparação cultural e ecológica em um território onde o rio ainda carrega os impactos da lama contaminada. “O Rio Paraopeba passa nos fundos do nosso terreiro e é parte do nosso cotidiano sagrado. O que foi perdido com o desastre foi também espiritual. Plantar é curar, é zelar pelo que nos mantém vivos”, afirma ele.
Estudantes das escolas municipais Frei Rogato e José Vilaça-Dia também participarão da ação, após terem recebido oficinas e cartilhas educativas sobre meio ambiente. Conforme mãe Kellen Morgana, a Muzenza Tambirê, liderança do terreiro Nzó Mona Jindanji, a presença dos jovens busca reforçar a conexão entre gerações no cuidado com a natureza. “Queremos que as pessoas conheçam o valor das ervas e das plantas para as religiões de matriz africana. Nosso culto é feito de folhas, água e terra. Este jardim será um recomeço”, explica.
O rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho, causou a morte de 272 pessoas e lançou mais de 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos na bacia do Rio Paraopeba, afetando dezenas de comunidades ribeirinhas.
O projeto Paraopeba Vive é realizado pelo terreiro Nzó Mona Jindanji (Caminhos de Ogum) e pela Associação Cultural Afrobrasileira Betim Cor Brazil, com financiamento do edital Mãe Gilda de Ogum, uma iniciativa do Ministério da Igualdade Racial em parceria com a Fiocruz, e conta com apoio da Prefeitura de Betim, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
A iniciativa também conta com apoio técnico do Laboratório de Tecnologias Circulares, Regenerativas, Inovadoras e Ancestrais (CRIA Lab), responsável pelo design visual do jardim e pela consultoria ambiental.