ESPECIAL

Salão do Encontro: 55 anos de transformação social

Instituição beneficente, que teve início com Noemi Gontijo e frei Stanislau em 1970, já impactou mais de 60 mil pessoas

Por Brunna da Matta Amorim


Publicado em 26 de outubro de 2025 | 09:00
 
 
No início, unidade matriz, localizada no bairro Angola, era espaço destinado para oferta de alimentos

“O Salão do Encontro valoriza a questão social em relação às suas pessoas, dos trabalhadores aos alunos, sendo uma grande escola diária. Como mãe de primeira viagem, eu fui acolhida com todas as minhas inseguranças”. É assim que Michelle Rosa, de 31 anos, se refere ao acolhimento que recebeu na associação, junto com a filha, Maria Luiza, de apenas 1 ano e 10 meses.

É na Creche Professora Noemi Gontijo, inaugurada em dezembro passado, que a criança estuda. As duas fazem parte das mais de 1.600 pessoas impactadas atualmente pela instituição, com projetos de educação, qualificação profissional, fortalecimento de vínculos, oficinas, aulas de libras e outras ações sociais.

E o impacto da instituição vai além. Neste mês, o espaço completa 55 anos e traz uma história que mudou a vida de mais de 60 mil pessoas ao longo das mais de cinco décadas. Sempre olhando para quem mais necessita, esse cuidado reflete o desejo e a atuação dos fundadores, Noemi Gontijo e Frei Stanislau.

Lourdes Leite, gerente de projetos do Salão do Encontro, relata que, quando a associação começou a empregar pessoas com deficiências, dona Noemi reforçava que não interessava a limitação, pois se a pessoa tivesse uma oportunidade, ela iria se desenvolver. “Ela trabalhava a socialização, não só com a pessoa com deficiência, mas com todos ao redor”, destaca Lourdes. “Ela dizia assim: ‘Olha, ele está chegando. Vocês têm que respeitar e caminhar ao lado dele’”, relembra.

Além de crianças e adolescentes, o Salão do Encontro também abriga, desde 2023, por meio do programa Residência Inclusiva, jovens e adultos com deficiência. O programa funciona no Condomínio Social Noemi Gontijo, no Bom Retiro, fundado em 1995.

Outra unidade em Betim é a Filhote, no Imbiruçu. Fundada em 2006, o projeto é voltado para jovens em situação de vulnerabilidade.

Como começou

Fundada em outubro de 1970, a instituição se tornou referência em projetos de educação e assistência social. A história começou onde hoje é a matriz, no bairro Angola, com uma cantina criada para saciar a fome da comunidade carente da região. Em 1978, no mesmo espaço, foi criada a primeira sala de aula do espaço.

Metodologia Noemi Gontijo

Os alunos são educados por meio de um método de ensino criado e desenvolvido por dona Noemi. E o resultado é notado: “Com menos de dois meses, Maria Luiza já deu os primeiros passos e está cada dia mais independente”, conta Michelle.

Solidariedade para além do município

O trabalho do Salão do Encontro ultrapassa as fronteiras de Betim. A associação beneficente possui uma Unidade de Acolhimento Institucional em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O local nasceu com o propósito de ampliar a atuação da instituição na área da assistência e do desenvolvimento social.

A expansão continua: no início do próximo ano, está prevista a inauguração de uma nova unidade em Ibirité, também na região metropolitana. O projeto Encontro com a Infância, realizado em parceria com a Petrobras, vai atender 220 crianças da rede pública, de 3 a 7 anos, oferecendo atividades de complementação escolar.

Memorial homenageia fundadora

Em homenagem a uma de suas fundadoras, o Salão do Encontro inaugurou, em março de 2024, o Memorial Noemi Gontijo. Localizado na antiga Casa de Hóspedes da matriz, residência onde Noemi viveu por dez anos, o espaço preserva a memória da educadora, que faleceu no dia 22 de julho de 2024, aos 100 anos.

Reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial de Betim, o Memorial recebeu a certificação de museu pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo. O Memorial também recebeu reconhecimento do Ministério da Cultura, por meio do Instituto Brasileiro de Museus, ampliando sua relevância.

Um ano sem Noemi

Mesmo após sua partida, Noemi Gontijo segue presente em cada detalhe do Salão do Encontro.

“Isso nos dá força. Sentimos o legado mais vivo e latente em nós. Temos que honrar a história dela”, destaca a gerente de projetos do Salão do Encontro, Lourdes Leite.

Ela afirma que, de coração, acredita que dona Noemi continua acompanhando tudo. “Em cada novo projeto, pensamos como seria a visão dela, se ela iria gostar”, acrescenta a gerente.

Para a comunidade

Além de acolher milhares de pessoas, o Salão do Encontro também está aberto para quem deseja conhecer a instituição beneficente. A biblioteca, localizada na sede matriz, no bairro Angola, é aberta à comunidade e disponibiliza todo o acervo literário da associação.

Quem desejar visitar o Salão do Encontro ou utilizar o acervo literário deve entrar em contato pelo e-mail visitas@salaodoencontro.org.br, solicitando agendamento prévio.