Segundo dia de protestos de tanqueiros em Betim termina em confronto com a Polícia Militar

O segundo dia de protestos dos transportadores de combustíveis que prestam serviços tercerizados à Vibra Energia, distribuidora da Petrobras, em Betim, terminou em confronto com a Polícia Militar (PM) nesta sexta-feira (3/10), em frente à entrada principal da empresa, no Distrito Industrial Paulo Camilo do Sul.  

O embate começou após os militares solicitarem aos manifestantes que retirassem uma carreta estacionada irregularmente no local. Diante da suposta recusa, a Polícia Militar então teria emitido uma notificação de multa para o dono do veículo, o que teria revoltado os colegas, culminando no confronto, que contou com o  uso de bomba de gás lacrimogêneo por parte da Polícia Militar, conforme mostram imagens de vídeos que circulam pelas redes sociais.  

Durante o confronto, o tanqueiro Marcelo Aredio precisou a ser carregado pelos colegas depois de sentir mal com a fumaça inalada. “Estamos em uma manifestação pacífica. Não teve baderna, não teve nenhum tipo de agressão. Não precisava disso”, disse em entrevista à reportagem após se recuperar do mal-estar. "O que fizeram aqui foi abuso de poder. São covardes", acrescentou um dos manifestantes, que não se identificou.  

Questionada, a Polícia Militar informou, por meio de nota, que estava no local para acompanhar a manifestação e trabalhar para que o protesto acontecesse de forma pacífica e dentro da ordem: “A atuação das equipes tem como objetivo assegurar o direito de manifestação pacífica dos trabalhadores, bem como o direito de ir e vir dos demais cidadãos que utilizam a via”, diz o comunicado oficial.  

Sobre o confronto ocorrido em frente à distribuidora, a corporação não se manifestou. 

Entenda 

O protesto teve início nessa quinta-feira (2) e foi organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Betim, Igarapé, São Joaquim de Bicas e Juatuba - Minas Gerais (Sinttrab). A manifestação reuniu centenas de tanqueiros que alegam ter sido dispensados após a Vibra Energia contratar novas transportadoras para assumir o serviço de fretamento. “Nós fomos surpreendidos com a comunicação dos trabalhadores de que fariam a paralisação aqui na porta da refinaria da Vibra porque os funcionários das empresas em que eles trabalham foram dispensados. O sindicato não foi comunicado sobre isso. Hoje, cerca de mil trabalhadores estão indo para a rua”, explicou Marcelino Alexandre, presidente do Sinttrab, que completou: “A demissão em massa, segundo a legislação, é crime contra a organização sindical”. 

Em nota, a empresa desmentiu a informação da dispensa de mil pessoas e afirmou que, na verdade, a distribuidora conta com 200 motoristas cadastrados na Base de Betim (Babet)."Diferentemente do que tem sido divulgado, atualmente atuam na Babet cerca de 200 motoristas cadastrados. As transportadoras vencedoras estão com vagas abertas e já iniciaram o processo de cadastramento de profissionais, assegurando a continuidade da operação. Portanto, a informação de que mil trabalhadores poderão perder seus empregos não procede”, diz o texto.  

Em conversa com Marcelino Alexandre na noite desta sexta (3/10), ele informou que a empresa apresentou uma proposta aos trabalhadores, a qual foi reprovada pela categoria. Por essa razão, disse ele, o protesto deve prosseguir nos próximos dias até que até que haja uma definição que atenda aos anseios da categoria.