ALERTA

Reservatório Vargem das Flores tem 2º pior nível para novembro em 8 anos

Volume de água no sistema, que fica entre Contagem e Betim, chegou a 45,4% da capacidade no dia 1º deste mês

Por Lisley Alvarenga

Publicado em 12 de novembro de 2025 | 13:21

 
 
Copasa afirma que o monitoramento é feito de forma contínua e que, por enquanto, não há impacto direto no abastecimento da Grande BH Copasa afirma que o monitoramento é feito de forma contínua e que, por enquanto, não há impacto direto no abastecimento da Grande BH Foto: Carolina Miranda

Um dos principais reservatórios responsáveis por garantir o abastecimento de água da Grande Belo Horizonte, o Vargem das Flores entrou novembro em alerta. O volume de água no sistema, que fica entre Contagem e Betim, chegou a 45,4% da capacidade no dia 1º, de acordo com dados divulgados pela Copasa. É o segundo pior índice em quase oito anos para este mês: o mais baixo foi registrado no mesmo período do ano passado, em 2024, quando o nível chegou a 43,4%.

Mesmo com a queda, a Copasa explica que o abastecimento na região metropolitana de Belo Horizonte segue garantido graças à integração entre os reservatórios Rio Manso (Brumadinho), Serra Azul (Juatuba) e o próprio Vargem das Flores, que juntos formam o Sistema Paraopeba. Segundo a companhia, o conjunto desses reservatórios está, atualmente, com cerca de 50% da capacidade total, índice considerado normal para esta época do ano.

Conforme a Copasa, o calor intenso e a baixa umidade que marcaram o último mês em Minas Gerais contribuíram para a redução do volume de água nos mananciais. A empresa declarou que o monitoramento é feito de forma contínua e que, por enquanto, não há impacto direto no abastecimento da Grande BH. "A expectativa é que, com o início do período chuvoso, os níveis de reservação voltem a subir nas próximas semanas, conforme a média histórica", declarou a Copasa.

Apesar disso, a empresa reforça o alerta: usar água de forma consciente é fundamental o ano todo. Conforme a Copasa, pequenas atitudes no dia a dia fazem diferença, como fechar a torneira enquanto escova os dentes ou ensaboa a louça, tomar banhos rápidos, usar balde no lugar da mangueira para lavar o carro e reutilizar a água da máquina de lavar. Também é importante verificar possíveis vazamentos em casa, que podem causar grandes desperdícios sem que o morador perceba.

Outro ponto de atenção levantado pela Copasa é o problema das ligações clandestinas, conhecidas como “gatos”. "Além de serem ilegais, essas práticas reduzem a pressão da rede e prejudicam o abastecimento em algumas regiões, impactando diretamente a qualidade do serviço oferecido à população", informou a empresa.

Mudanças climáticas

Coordenador do projeto Manuelzão da UFMG, que atua na preservação do meio ambiente, Marcus Vinícius Polignano destacou que 2025 tem apresentado chuvas abaixo do esperado e que a situação serve de alerta sobre os efeitos das mudanças climáticas.  

“Já era para termos entrado em um período mais intenso de chuva, mas isso ainda não aconteceu. Mesmo com o nível em torno de 45%, o sistema ainda consegue manter o abastecimento, mas estamos no limite, aguardando a chegada das próximas chuvas. O problema é que as as mudanças climáticas estão alterando o período e a intensidade das chuvas, o que aumenta a chance de enfrentarmos estiagens mais longas no futuro”, observa.  

Diante desse cenário, o coordenador reforçou a importância da preservação das nascentes e dos rios que abastecem os reservatórios da bacia do Paraopeba. “Precisamos de gestão adequada e de rios vivos para garantir água no futuro”, concluiu.