MONITORAMENTO

Betim recebe estação sismográfica para monitorar tremores de terra

Equipamento é capaz ainda de registrar explosões, deslizamentos e até atividades humanas que gerem movimentação sísmica

Por Lisley Alvarenga

Publicado em 09 de novembro de 2025 | 09:00

 
 
Defesa Civil Municipal terá acesso direto aos dados coletados na estação sismográfica Defesa Civil Municipal terá acesso direto aos dados coletados na estação sismográfica Foto: Prefeitura de Betim/Divulgação

Betim conta, desde outubro deste ano, com uma estação sismográfica, que monitora, em tempo real, as vibrações do solo. O equipamento foi instalado na Escola Municipal José Nogueira Duarte, localizada na Fazenda Santa Helena, na região da Serra Negra, e integra o programa de expansão da Rede Sismológica de Minas Gerais (RSMG). O projeto é conduzido pela Universidade de Brasília (UnB), com o apoio técnico da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec/MG).

A estação transmite os dados diretamente ao Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis/UnB), referência nacional na detecção de terremotos. O sistema é capaz de registrar desde tremores de terra e explosões até deslizamentos e atividades humanas que causem movimentação sísmica. As informações coletadas são integradas à Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), ampliando o alcance do monitoramento na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A Defesa Civil de Betim terá acesso direto às informações registradas. Segundo a prefeitura, isso reforça a capacidade do município em identificar riscos, adotar medidas preventivas e planejar ações estratégicas de resposta rápida diante de eventuais ocorrências sísmicas.

De acordo com o Observatório Sismológico, outros quatro sismógrafos foram instalados recentemente em cidades mineiras — Sete Lagoas (principal ponto de interesse), Lagoa Santa, Itabirito e Ipatinga — para aprimorar o monitoramento do projeto. Minas, segundo os pesquisadores, tornou-se o principal foco de estudos sísmicos do Brasil. Esses novos equipamentos se somam aos sete sismógrafos fixos já existentes no estado e a outros sete móveis utilizados em Sete Lagoas.

A implantação do sistema é uma parceria entre os municípios e a UnB. As prefeituras são responsáveis pela construção e pela manutenção dos abrigos que recebem os equipamentos, com custo aproximado de R$ 10 mil cada. Já a universidade investirá cerca de R$ 500 mil na aquisição dos sensores, além de responder pela instalação, pela manutenção e pela operação dos sismógrafos.

A sismicidade da região também será tema da pesquisa de doutorado do técnico Darlan Portela Fontenele, do Obsis/UnB. O estudo será acompanhado pelo projeto.

Abalos em Minas

Até o dia 2 de outubro deste ano, o Obsis/UnB informou o que foram registrados 91 tremores de terra em Minas Gerais: quase metade de todos os sismos detectados no país. Desse total, ao menos três ocorreram em Betim.

Tremores em Betim

Neste ano, moradores de Betim de diferentes bairros relataram ter sentido três abalos sísmicos. O primeiro fenômeno ocorreu em 22 de março, e o segundo foi sentido exatamente um mês depois, em 22 de abril. O terceiro episódio foi registrado na noite do dia 16 de setembro.

No dia 22 de março, o abalo de magnitude regional (mR) 2,5 foi sentido por volta das 14h30. Em 22 de abril, o fenômeno ocorreu às 22h05 e teve a mesma magnitude registrada em 22 de março: 2,5 mR, com epicentro localizado em área rural próximo à represa Vargem das Flores. No dia 16 de setembro, por volta das 22h, o tremor chegou à magnitude entre 2,8 e 3,2 graus na Escala Richter e foi sentido também na capital, além de cidades da Grande BH, como Contagem, Esmeraldas e Ribeirão das Neves.