Eles não têm um único tutor. São, ao contrário, cuidados por muitas pessoas. Estamos falando dos cães comunitários, que fazem parte do cotidiano das cidades e contam com o carinho e a solidariedade de moradores, comerciantes e protetores. E não só com isso. Cães e gatos em situação de rua têm também uma proteção legal, oferecida pela Lei Estadual nº 21.970, de 2016, que lhes assegura receber água, comida e abrigo.
Em Betim, um cão comunitário, o Banana, ganhou fama nas redes sociais. O beagle cheio de carisma foi resgatado ainda filhote, junto com um irmão, há quatro anos pelo empresário Humberto Teodoro, em uma estrada de terra no bairro Liberatos. Os dois animais foram levados para a oficina do empresário, no bairro Angola.
O irmão do Banana chegou a ser adotado por uma família. Já ele virou o mascote não só da oficina como também dos estabelecimentos comerciais nas imediações da Rua do Rosário.
Seu lar, portanto, não se resume ao local onde dorme. “Ele foi criado solto e sempre se acostumou com a vizinhança. A gente brinca que ele é nosso, mas, na verdade, ele é do bairro. Anda por onde quer, visita bares, salões e volta para a oficina quando decide descansar”, conta o gerente administrativo da oficina, Fábio Henrique Dias de Sá. A simpatia do Banana rendeu até um perfil no Instagram, cujos seguidores acompanham sua rotina e interagem com as postagens.
A vendedora Amanda Glaycielle Pereira é um exemplo de quem se dedica a esses animais. Ela e sua mãe, Luciana Pereira, cuidam de nove cães comunitários na rua Nicolau Alves de Melo, no Centro. “Todos os dias, aparecem animais na porta do meu trabalho. Se vemos fêmeas sem a marca da castração, prendemos por 15 dias e agendamos a castração na Sepa (Superintendência de Proteção Animal). Depois, divulgamos para adoção”, detalha.
Atualmente, Amanda e sua mãe cuidam de 27 cachorros e de um gato, além de nove cães comunitários da vizinhança. “Se não podemos adotar todos, podemos ao menos ajudar. Um pouco de ração e água limpa já fazem diferença”, frisam.
A superintendente de Proteção Animal de Betim, Roberta Cabral, destaca que a prefeitura tem atuado no cuidado desses cães. “Com recursos do Ministério Público, conseguimos castrar, vacinar e tratar cerca de 280 cães comunitários em Betim em 2024”, informa.
A médica veterinária Lorena Ferreira dos Santos, que atua na Sepa, orienta que, além de alimento e abrigo para esses animais, é essencial a vacinação. “A recomendação é que a alimentação seja baseada em ração, para evitar problemas gastrointestinais. Além disso, a vacinação contra raiva, cinomose e outras doenças é fundamental para proteger o animal e a comunidade”, alerta.
Se alguém quiser ajudar um cão comunitário, pode buscar suporte da Sepa, onde o animal passará por uma consulta gratuita, além de ser cadastrado e monitorado.