Moradores dos bairros Citrolândia e Marimbá, em Betim, têm reclamado da constante falta de água nas duas regiões. No primeiro caso, os condomínios São Marcos 1, 2 e 3 estão com falha no abastecimento há uma semana, desde a última quarta-feira (27 de fevereiro). Já moradores do Marimbá, planejam uma manifestação nesta sexta (7) contra a Copasa.
De acordo com a auxiliar administrativo Isabela Soares, de 22 anos, os prédios não têm recebido "sequer uma gota d'água". "Não temos água nem para beber ou cozinhar. Estamos nos alimentando mal por isso. O pior é que toda vez que eu ligo para a Copasa eles informam que o abastecimento está normal ou com algumas intermitências, mas que vai voltar", conta.
Ela diz que já abriu ao menos 16 protocolos de atendimento junto à companhia, além de registrar queixa na ouvidoria do órgão. "Mas a situação não se resolve e não sabemos mais o que fazer", relata.
Segundo ela, a falha no abastecimento de água na região é comum. Mas normalmente a situação se normaliza em torno de dois dias. "Nunca ficamos uma semana sem água. Isso é desumano", completa.
A dona de casa Débora Melo, de 48, compartilha do mesmo desespero. Ela mora com o marido e os filhos de 20 e 10 anos, e não consegue lavar os uniformes de trabalho dos mais velhos, nem da escola da criança.
"Meu marido trabalha na indústria e o uniforme dele fica muito sujo de óleo. Mas não estou conseguindo lavar. O mesmo acontece com o da minha filha mais velha. E quanto ao meu mais novo, amanhã as aulas retornam. Como vou lavar a roupa que ele vai para a escola?", questiona.
Ela diz que tem comprado galões para cozinhar, e pega água em uma torneira comum da área externa do prédio para passar pano na casa ou higienizar o banheiro. "Tem quem leve bacia de vasilhas sujas para lavar lá porque dentro dos apartamentos não tem nada", reclama.
Outra região que também vem sofrendo com a falta constante de fornecimento de água é a do bairro Marimbá. Revoltados com a situação, moradores decidiram fazer uma manifestação em frente à Unidade Básica de Saúde (UBS) Marimbá, na sexta (7 de março), para cobrar uma resolução pela Copasa. O ato, intitulado pelos manifestantes como pacífico, vai acontecer a partir das 7h30.
Moradora do do bairro Marimbá há dez anos, a dona de casa Michele Souza França, de 38 anos, denuncia que há mais de uma semana a residência em que ela mora, na rua Três Pontas, está sem água.
"Isso é um absurdo. Acho isso o cúmulo. Não só pra mim, mas tem famílias aqui com quatro, cinco crianças. Eu nem consigo imaginar como que esses pais estão lidando com esta situação. É muito triste a gente ficar sem água, algo que é essencial para a nossa sobrevivência", lamentou.
Uma autoridade de Betim que vai participar é o vereador Claudinho. Segundo o parlamentar, a Copasa, inicialmente, alegava que a deficiência no abastecimento de água na região se devia por causa da falta de um booster, que é um equipamento compacto composto por um conjunto de motobombas que atuam no bombeamento de água tratada. No entanto, depois que dois boosters foram adquiridos, a estatal agora tem justificado que o problema no abastecimento está ocorrendo em razão da falta de energia, que estaria prejudicando o funcionamento destes equipamentos.
"Mas esse é um problema antigo na região. Todos os dias, a Copasa envia caminhões-pipa para tentar sanar a falta de água, o que é uma vergonha. Chega a ser criminoso, desumano. Por isso, resolver organizar esta manifestação. Esperamos que o maior número de moradores e comerciantes participe. Vamos cobrar do governo do Estado uma atitude. É necessário que haja o fornecimento correto de água para o Marimbá e para todos os outros bairros da cidade", cobrou o vereador Claudinho.
Com relação à situação do Citrolândia, a Copasa informou, por meio de nota, que as oscilações no abastecimento de água registradas são reflexo do alto consumo ocasionado pelas intensas ondas de calor das últimas semanas. "Esse aumento na demanda tem gerado um desequilíbrio no sistema, impactando, principalmente, os imóveis localizados em áreas mais altas da cidade", disse.
A companhia ainda reforçou que, diante desse cenário, as equipes técnicas seguem monitorando a situação e adotando medidas para minimizar os impactos no fornecimento de água, incluindo o reforço com caminhões-pipa.
"A Companhia ressalta que a normalização do abastecimento ocorre de forma gradual, à medida que as redes e os reservatórios recuperam sua carga de água. Devido à topografia da região, a água chega primeiro aos imóveis situados em áreas de menor altitude e, posteriormente, àqueles localizados em pontos mais elevados. O uso consciente da água contribui para acelerar a recuperação do sistema e evitar novas intermitências", completou.
Sobre a situação do Marimbá, a Copasa informou, por meio de nota, que a intermitência no abastecimento de água no bairro é reflexo do alto consumo e ondas de calor das últimas semanas, o que teria ocasionado o desequilíbrio no sistema, principalmente nas partes mais altas da cidade. "As equipes técnicas da Copasa seguem monitorando a situação e adotando todas as medidas necessárias para minimizar os impactos no fornecimento de água para os clientes", declarou.
A estatal explicou ainda que, devido à topografia das regiões, a água chega primeiro nos imóveis de áreas com baixo-relevo e, posteriormente, nos imóveis localizados em regiões mais altas. "Quando há economia de água, o sistema é capaz de se restabelecer com agilidade, evitando intermitências (situações em que a água retorna e acaba várias vezes ou chega aos imóveis com uma pressão muito baixa)", explicou.
A Copasa ressaltou também a importância de cada imóvel ter caixa de água bem dimensionada para evitar que falte água nessas situações.
*Por Lisley Alvarenga e Sara Lira