O Hospital Orestes Diniz, na Colônia Santa Isabel, realizou suas primeiras captações de córneas para a realização de transplantes. Os procedimentos ocorreram nos últimos dias 11 e 16, mas foram divulgados pelo governo de Minas somente nesta segunda-feira (26 de maio).
Os primeiros tecidos captados já foram aproveitados, enquanto os outros foram ofertados a duas equipes transplantadoras e têm alta probabilidade de serem utilizados, retirando quatro pacientes da fila de espera.
A unidade hospitalar instalada em Betim integra a Casa de Saúde Santa Izabel (CSSI), da Rede Fhemig, e, agora, passa a ser um reforço importante para a captação de tecidos e a realização de transplantes no Estado.
Atualmente, 4.394 pessoas aguardam por um transplante de córnea em Minas. Entre 1º de janeiro e 22 de maio, 369 procedimentos foram feitos em território mineiro, de acordo com o Executivo estadual.
A viabilidade dos doadores é avaliada por comissões intra-hospitalares de doação de órgãos e tecidos para transplantes (CIHDOTT), treinadas pelo MG Transplantes (MGTX). Elas também têm o papel de realizar a abordagem dos familiares e notificar o Banco de Tecidos Oculares do Hospital João XXIII para a retirada das córneas.
“A conscientização para a doação de órgãos e tecidos é de extrema importância para a transformação da vida do receptor. A doação proporcionará uma nova chance de enxergar o mundo, como também de realizar atividades simples, mas essenciais para a recuperação da sua autonomia”, salienta o diretor clínico da CSSI e membro da CIHDOTT que realizou a primeira captação da unidade, Yan Tessari de Camargos.
O coordenador do Núcleo de Tecidos Oculares do MGTX, o oftalmologista Paulo Lener Peixoto de Araújo Filho, comemora a iniciativa da CSSI. “Essas captações representam uma nova perspectiva para a unidade. Elas já fizeram a diferença para a vida de quatro pessoas. Por isso, é importante o envolvimento de toda a equipe da unidade para a notificação”, reforça Araújo Filho.
A córnea é a estrutura transparente que cobre a parte da frente do olho. O transplante permite sua substituição total ou parcial em caso de perfuração ou embaçamento e contribui para a recuperação da visão em mais de 90% dos casos.
O doador de tecidos oculares pode ter entre 2 e 80 anos, e é necessário passar por uma triagem social e médica antes da doação, para definir se há alguma contraindicação.
Pacientes que ficaram cegos por diabetes, glaucoma, catarata ou usuários de óculos ou lentes de contato também podem ser doadores. Esses e outros problemas visuais não impedem a doação da córnea, pois vários deles estão localizados no fundo dos olhos e a córnea fica na superfície.
A retirada dos tecidos deve ser feita até seis horas após o óbito (prazo que pode ser estendido até 12 horas em caso de resfriamento do corpo). As córneas podem ser armazenadas no Banco de Tecidos Oculares por até 14 dias até serem utilizadas. A retirada é realizada com técnicas cirúrgicas, sem que a aparência do doador seja modificada.