PREOCUPANTE

Sobe para 14 número de mortes por síndrome respiratória grave em Betim

Além dos óbitos, foram registrados 487 casos até maio; prefeitura decretou emergência e abriu leitos

Por Lisley Alvarenga

Publicado em 30 de maio de 2025 | 09:00

 
 
Primeira medida adotada pela prefeitura após decreto de emergência foi a abertura de leitos no Centro Materno Primeira medida adotada pela prefeitura após decreto de emergência foi a abertura de leitos no Centro Materno Foto: Prefeitura de Betim/Divulgação

Betim registrou, somente nos primeiros cinco meses deste ano, 487 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e 14 mortes. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, entre os óbitos confirmados, seis foram de crianças; três se tratavam de adultos; e outros cinco de pessoas idosas. Outra morte, ocorrida na terça-feira (27), na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Norte, de um recém-nascido de 1 mês e 3 dias, está sendo investigada. 

O aumento expressivo de atendimentos e internações por doenças respiratórias — em especial, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), tem superlotado hospitais públicos e particulares em Minas Gerais e fez com que, além do governo estadual, 42 cidades mineiras decretassem estado de emergência em saúde pública nos últimos meses, inclusive Betim, primeira no Estado a tomar a medida, em 16 de abril, para enfrentar a doença.

O decreto reconhece que a capacidade de assistência da rede do SUS Betim atingiu seu limite e, em razão disso, permite ao município agilizar a aquisição de insumos, medicamentos, equipamentos de ventilação mecânica e de oxigenioterapia para atender os usuários. A deliberação prevê ainda o aumento do número de profissionais nas unidades de saúde. A medida tem validade inicial de 120 dias, mas, segundo a prefeitura, pode ser prorrogada. 

Dias após a publicação do decreto, a primeira medida de enfrentamento adotada pela prefeitura foi a abertura, em 1º de maio, de oito leitos de tratamento semi-intensivo no Centro Materno-Infantil (CMI). Destinados a crianças de até 3 meses em estado de gravidade intermediária, os leitos visam assistir, sobretudo, bebês em fase de recuperação de situações críticas ou que necessitem de cuidados superiores aos da enfermaria, mas que ainda não demandam suporte de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

De acordo com a prefeitura, além da ampliação dos leitos semi-intensivos, a unidade de saúde já havia aberto anteriormente quatro novos leitos de UTI Pediátrica, totalizando dez leitos para cuidados intensivos dedicados a crianças com até 13 anos, 11 meses e 29 dias. 

Capacitações

Outra medida estratégica implementada pelo município para enfrentar o crescimento dos atendimentos por doenças respiratórias está sendo a realização de capacitações com médicos da atenção primária sobre o manejo de pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), que representa uma das principais causas de internação por problemas respiratórios em pessoas com idade acima de 60 anos.

Secretária municipal de Saúde, Jaqueline Santana salientou que Betim tem adotado medidas firmes e estratégicas para proteger a população. “O decreto de emergência em saúde pública permitiu acelerar a aquisição de insumos e equipamentos, abrir novos leitos de internação, além de viabilizar a reestruturação das equipes. Contratamos mais médicos e técnicos, sobretudo na pediatria, fortalecendo nossa capacidade de resposta frente aos atendimentos e internações por doenças respiratórias. Agora, estamos nos preparando para fortalecer também a assistência aos pacientes adultos, com ampliação das equipes de clínica médica”, disse.

Caso suspeito

A última morte suspeita de um paciente residente em Betim por síndrome gripal ocorreu na terça (27). Um recém-nascido, de 1 mês e 3 dias, faleceu logo após dar entrada na UPA Norte – o caso não está entre os 14 óbitos já confirmados.

Segundo a Secretaria de Saúde, a mãe da criança deu entrada com ela na unidade de saúde, às 8h25, relatando que o bebê apresentava sintomas de síndrome respiratória. Às 8h55, ao perceber que ele apresentava sinais de desfalecimento, a mãe o levou para a sala de classificação de risco, onde a enfermeira responsável constatou que ele estava em parada cardiorrespiratória. 

A criança teria sido, então, encaminhada de forma imediata à sala de urgência para os procedimentos de reanimação. “Todas as manobras médicas necessárias foram realizadas, mas o bebê não respondeu às medidas”, informou a nota da secretaria.