EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Projeto "Paraopeba Vive" promove educação ambiental e reflorestamento

Ação terá plantio de mudas nativas e atividades educacionais nas escolas

Por O TEMPO

Publicado em 04 de maio de 2025 | 00:00

 
 
Diante do Rio Paraopeba, nasce a esperança de curar e reflorestar memórias. Diante do Rio Paraopeba, nasce a esperança de curar e reflorestar memórias. Foto: Vitor Henrique Rodrigues dos Santos/Divulgação

Seis anos após o crime ambiental causado pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que devastou o Rio Paraopeba e impactou profundamente comunidades do Citrolândia, o projeto Paraopeba Vive começou a executar em Betim ações concretas de reflorestamento, educação ambiental e mobilização comunitária para restaurar não só o ecossistema, mas também a conexão espiritual e cultural das populações locais com o rio daquela região.


A iniciativa, promovida pelo Terreiro Caminhos de Ogum em parceria com a Associação Betim Cor Brazil e o Laboratório CRIA, e foi uma das 30 propostas contempladas em todo o país pelo edital federal Mãe Gilda de Ogum, do Ministério da Igualdade Racial. Em Minas Gerais, é o único projeto de povo de terreiro contemplado e tem como base a união entre ciência, saberes tradicionais e espiritualidade para regenerar a vida nas margens do Paraopeba.


“Esse é um projeto que vem com o objetivo de mostrar a importância do cuidado e do zelo pela natureza. Plantar essas cem mudas e realizar esse trabalho de educação ambiental em Citrolândia e na Colônia Santa Isabel é essencial para a continuidade da vida”, afirmou o líder do Terreiro Caminhos de Ogum, localizado às margens do rio, Ramon Nambor, o Tata Mebagande. 


Entre as principais ações do Paraopeba Vive estão o plantio de cem mudas nativas nas áreas degradadas do leito do Paraopeba, atividades de educação ambiental nas escolas da região e encontros comunitários com foco na valorização da cultura afro-brasileira e das religiões de matriz africana. Além disso, o projeto está estruturando um jardim sagrado com espécies utilizadas em rituais religiosos, que também servirão como espaço pedagógico e de preservação cultural.


“A comunidade de terreiro não vive sem ervas, sem planta nem água. O que se perdeu com a poluição foi a conexão com o nosso segredo. Nosso objetivo é recuperar isso”, explicou a liderança espiritual do Terreiro Caminhos de Ogum, Mãe Kellem. 
Secretária da Betim Cor Brazil, Lúcia Bento ressaltou que a iniciativa também tem papel de transformação social. “Além do plantio, promovemos educação ambiental e cidadania, demonstrando que o cuidado com a natureza é um caminho de reparação social”, disse. “Estamos consolidando o que sempre buscamos no CRIA Lab: trabalhar com os povos tradicionais e levar essa perspectiva afrodiaspórica da educação ambiental”, completou o fundador do laboratório, Robson Soares.


Vice-presidente da Cor Brazil, Juca Domingos reforçou que o projeto é também um ato de denúncia e resistência: “Queremos valorizar o meio ambiente, mas também fazer com que as pessoas não esqueçam o crime cometido. Sem a natureza, não existe religiosidade negra”, frisou.