Há cerca de nove meses, a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, no Centro, está ofertando um Banho de Esperança - como é chamado o projeto pastoral - às pessoas que vivem em situação de rua no município. A inciativa é coordenada pelo pároco Hélio Parreiras, com a ajuda de dezenas de voluntários, e acontece mensal ou quinzenalmente, dependendo da programação da matriz.
A ação ocorre nas dependências da igreja e conta com um carro adaptado, transformado em um banheiro itinerante. Desde novembro do ano passado, quando a ideia foi colocada em prática pela primeira vez, mais de 200 pessoas foram contempladas. Nesse sábado (14 de junho), foi a vez de cerca de 50 homens e mulheres serem acolhidos. Eles tomaram café da manhã e um banho quente, almoçaram e ganharam roupas, calçados e cobertores para driblar as baixas temperaturas que vêm sendo registradas na cidade nos últimos dias.
"A gente entra pela via da carne. Como dizia o papa Francisco: 'não tenhamos medo de tocar a carne do irmão'. Essa carne muitas vezes ferida, machucada, violentada. O banho é uma forma curativa que a gente tem de poder entrar pela carne e tocar nos sentidos", ressaltou o padre Hélio.
Maria da Penha Amaral é uma das voluntárias da ação. Além de servir as refeições e ajudar no preparo dos banhos, ela arriscou uns passos de dança com uma das acolhidas. "A gente recebe muito mais [do que doa]. É muito gratificante poder levantar de manhã e falar: 'vou acolher os nossos irmãos que estão em vulnerabilidade e trazer para eles um dia de paz'", refletiu.
Cristiano Lopes, de 37 anos, vive nas ruas. Natural de Viçosa, na região Central do Estado, ele chegou a Betim há cerca de três semanas. Por meio de um amigo, ficou sabendo da ação na paróquia e aproveitou a oportunidade. "Eu estava suado e não tinha nem noção de onde ia tomar um banho. Achei ótimo. O dia está sendo maravilhoso por causa de tudo isso que está acontecendo aqui", avaliou.
Uma das mais animadas do local era Viviane Gomes, de 48 anos. Nascida em Betim, ela cantou, dançou e distribuiu abraços de gratidão. Com uma jaqueta prata garimpada na própria paróquia e de banho tomado, ela não hesitou em pedir aprovação para o visual novo. "Olha como eu entrei e olha agora como eu estou. Com esse sorriso, estou representando todos os moradores de rua. Eles são pessoas muito especiais que, às vezes, precisam de uma salva de palmas".