O município de Betim inaugurou oficialmente, nesta segunda-feira (2 de junho), a primeira estação de reúso de água industrial em Minas Gerais com capacidade. O projeto Reúso Copasa & Metalsider reutiliza efluentes tratados da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Betim Central da Copasa para atender à demanda de água da Metalsider, substituindo parte da captação direta do Rio Betim. A parceria inédita resultará na economia de 1,2 milhão de m³ de água tratada por ano – volume equivalente ao consumo anual de uma cidade com 20 mil habitantes ou 500 piscinas olímpicas.
A solenidade de inauguração da iniciativa ocorreu, nesta manhã, na ETE Betim Central, e contou com a presença da secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-MG), Marília Carvalho de Melo; do diretor do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marcelo Fonseca; da presidente-fundadora do Instituto Reúso de Água, Ana Silvia Santos; além do diretor de Engenharia e Meio Ambiente da Copasa, Pablo Ferraço Andreão; e do secretário de Estado de Governo de Minas Gerais, Marcelo Aro (PP) e do prefeito de Betim, Heron Guimarães (União Brasil).
Coordenadora do projeto na Copasa, Frieda Keifer salientou que a iniciativa quebra paradigmas, uma vez que cria uma inovação que não só beneficia o setor industrial, mas também o meio ambiente.
Segundo a especialista, Minas Gerais é pioneira na regulamentação do reuso de água com a DN65, uma legislação que estabelece as diretrizes para monitoramento e uso de efluentes tratados para fins industriais, ambientais e agrupecuários, e, por esse motivo, a inauguração do projeto se torna um marco no Brasil.
"A inauguração deste projeto coloca Minas Gerais na vanguarda da legislação e da implementação de soluções sustentáveis. Nenhum Estado brasileiro possui uma legislação específica para o reuso de água potável, o que torna esse projeto ainda mais relevante", afirmou Frieda.
Diretor de engenharia e meio ambiente da Copasa, Pablo Ferraço Andreão frisou que o projeto tem a sustentabilidade em sua essência, uma vez que preserva a água em seu manancial e reutiliza o efluente tratado de esgoto. "Estamos gerando valor econômico e agregando valor econômico as operações da Metalsider. Que este seja o primeiro de muitos projetos de reuso, por que precisamos, cada vez mais, focar nesta agenda de sustentabilidade", salientou.
Bruno Melo Lima, diretor-presidente da Metalsider, uma siderúrgica em funcionamento em Betim, no bairro Cachoeira, desde 1984, destacou que a parceria abre um caminho gigante para toda a indústria mineira interessada em aderir iniciativas que impactam de forma positiva o meio ambiente. "Essa parceria preserva os recursos hídricos, propicia mais geração de riqueza, emprego e prosperidade", frisou.
Prefeito de Betim, Heron Guimarães também afirmou que o projeto traz impactos sustentáveis extremante positivos para a cidade e declarou que, desde o primeiro dia do seu mandato, o Executivo municipal tem pensado em iniciativas em prol do meio ambiente, além de estar trabalhando para desenvolver iniciativas como a inaugurada nesta parceria entre Copasa e Metalsider. "Betim possui hoje sete ETEs da Copasa, e este projeto vem ao encontro dos nossos anseios, sobretudo neste mês de junho, do meio ambiente, uma área que atuamos com muito afinco", disse o prefeito que, em seu discurso, informou que a obra do projeto teve um custo de R$ 4 milhões.
Secretária da Semad-MG, Marília Carvalho de Melo afirmou que o projeto inaugurado nesta segunda é o mais representativo do Estado e abre possibilidade para a redução de captação de água potável que atenderia cerca de 20 mil pessoas. "Avançar no reúso é absolutamente importante para uma política pública de segurança hídrica, e a Copasa tem feito um trabalho muito importante neste sentido. Que este seja um dos projetos maiores e mais emblemáticos, mas que ele arraste outros projetos como exemplo, para que a gente possa aumentar a segurança hídrica em termos de disponibilidade hídrica em nosso Estado, mas também reduzir o aporte de efluentes", salientou.
O processo de desenvolvimento do projeto Reúso Copasa & Metalsider começou em 2020 com reuniões técnicas entre a Copasa e a Metalsider, quando as duas empresas começaram a estudar as necessidades para que o esgoto tratado fosse adequado para o uso industrial. Após alguns anos de desenvolvimento, uma parceria por meio de contrato foi formaliza em 2024, e a finalização da obra ocorreu em fevereiro deste ano, quando a água para reúso começou a ser bombeada para a Metalsider.
"Um dos maiores desafios do projeto foi a construção de uma estação elevatória de água, que bombeia a água tratada da ETE para a Metalsider, localizada a cerca de 1,6 km de distância. A vazão média de água é de 25 litros por segundo, mas a vazão máxima pode alcançar até 40 litros por segundo, dependendo das condições de operação", explicou a coordenadora Frieda Keifer ao salientar que a água fornecida não é potável e não pode ser consumida pelo ser humano, sendo destinada exclusivamente para o uso industrial.
Ainda de acordo com Frieda Keifer, além de reduzir o uso de água potável pela indústria, o reúso também contribui para preservação dos recursos hídricos na região metropolitana de Belo Horizonte, que já enfrentou problemas graves de escassez hídrica.
"Em 2014, os reservatórios da região metropolitana de BH operaram com volume morto, o que gerou uma grande crise de abastecimento. Por isso, ao destinar 40 litros por segundo de água para reuso industrial, o projeto contribui para aliviar a pressão sobre os corpos d’água da região, garantindo mais água disponível para o abastecimento de municípios amontantes e adjacentes, além de beneficiar o meio ambiente e a biodiversidade local", detalhou a coordenadora do projeto.
A Copasa criou um link em seu portal oficial para cadastrar interessados e aderir o reuso de água e de subprodutos das estações de tratamento, como o lodo e o biogás.