Por quatro votos a dois, um júri popular absolveu Pedro Marques, de 32 anos, motorista do Fiat Punto acidentado na Avenida do Brasil, no Cidade Verde, em 30 de março de 2014. Ele teria perdido o controle da direção depois de passar por um quebra-molas. O episódio, que causou comoção na cidade, resultou na morte de Mônica Rodrigues, na época com 20 anos, e de Matheus de Oliveira, então com 21. Outros dois ocupantes do veículo, além do próprio condutor, ficaram feridos. Todos voltavam de uma festa.
A sessão do Tribunal do Júri ocorreu nessa quarta (4), no Fórum de Betim, e se estendeu das 8h45 às 17h19. Segundo o advogado do réu, Arlley Abelha, não havia provas para a condenação de Marques, que sempre sustentou que não tinha ingerido bebidas alcoólicas na noite do acidente. “Duas vítimas foram claras em dizer que ele não aparentava estar sob o efeito de álcool. Além disso, o quebra-molas não tinha sinalização”, frisa Abelha.
De acordo com o advogado, questionamentos sobre uma possível embriaguez de Marques foram levantados no plenário e, segundo ele, houve contradições. “Algumas pessoas afirmaram que ele tinha bebido, mas, ao serem indagadas a respeito, disseram que achavam que era bebida [alcoólica], que parecia bebida [alcoólica]. Como defesa, eu pedi a realização de um teste etílico, mas o hospital apresentou uma série de obstáculos e, no fim, não daria tempo de fazer o exame. Então, não existe uma prova documental de embriaguez”, frisa Abelha.
Por outro lado, um familiar de Mônica, que prefere não ser identificado, alega que “ficou claro para todo mundo” que houve crime e que existiam “todas as indicações de que ele [o réu] estava alcoolizado, com provas testemunhais”. Sem esconder a decepção com o desfecho da história 11 anos depois, ele resume: “Nem crime de trânsito ele pegou. Saiu ileso”.
Ainda segundo o parente da vítima, a família da jovem acompanhou todo o julgamento nessa quarta-feira. Conforme relatado por ele, todas as testemunhas entenderam que o acusado ingeriu bebida alcoólica antes de assumir a direção. “E mesmo assim resolveram absolver”, afirma, referindo-se aos jurados.