Dois casos de maus-tratos contra cães foram denunciados em Betim nessa segunda-feira (30 de junho) e mobilizaram equipes da Secretaria Adjunta de Proteção Animal (Sepa) e da Guarda Municipal. Um dos animais, que estava em estado gravíssimo, foi eutanasiado. Já outro segue sob cuidados e também apresenta quadro grave.
O primeiro registro ocorreu no bairro Guanabara, na região do PTB. Um pit-bull marrom foi encontrado em condições insalubres e bastante debilitado. Segundo o veterinário que acompanhou a ocorrência, o animal estava “visivelmente em estado de sofrimento físico e clínico, sem qualquer tipo de assistência médico-veterinária”, conforme consta no boletim de ocorrência.
Ainda de acordo com o registro, o cão foi encontrado deitado de lado, apresentando magreza excessiva, apatia, desidratação e quadro neurológico avançado, além de espasmos, o que, na avaliação do veterinário, configura situação de maus-tratos.
No local, foi constatado ainda que o pit-bull não tinha acesso a água nem alimentação. De acordo com relatos da denunciante, o animal encontrava-se nessas condições havia ao menos três semanas.
A tutora do cão afirmou que tinha entrado em contato com o Centro de Controle de Zoonoses naquele dia para pedir providências em relação ao animal. O cachorro foi encaminhado para a Sepa, e a suspeita foi levada para a inspetoria central da Guarda Municipal.
Apesar das tentativas, a equipe de profissionais da secretaria adjunta não conseguiu salvar o cachorro, e ele acabou sendo eutanasiado.
A outra ocorrência, registrada pouco mais de meia hora após a primeira, foi no bairro Citrolândia, na região homônima. Um cão de grande porte e pelagem caramelo, sem raça definida, foi encontrado deitado de lado na varanda do imóvel, com magreza excessiva, apatia, quadro neurológico avançado e dor, “evidenciando estado de sofrimento físico e clínico, sem qualquer tipo de assistência médico-veterinária, configurando, assim, omissão de socorro e maus-tratos”, de acordo com o boletim de ocorrência. Segundo o registro, o animal estava sem água e comida.
No imóvel, ainda havia outro animal: uma cadela também sem raça definida e com alopecia (perda de pelo) em diferentes regiões do corpo, mas sem sinais graves, segundo a Guarda Municipal.
O tutor dos cães alegou que o animal macho passou a apresentar sintomas de doença na última quinta-feira (26 de junho) e que, em contato com a Sepa, teria sido orientado, na sexta (27 de junho), a levar o cachorro à sede da secretaria adjunta. O homem afirmou que faria isso nessa segunda, mas o carro do vizinho que o levaria ao local apresentou problemas mecânicos.
Já a denunciante do caso afirmou que o suspeito frequentemente trata os animais de maneira ríspida e agressiva, e que um cão já teria morrido na casa dele por falta de cuidados. A mulher disse ainda que ela e outros moradores da região já ofereceram ajuda repetidas vezes, tendo sido sempre recusada.
Os dois animais foram recolhidos pela Sepa e, diante da constatação de maus-tratos atestada pela veterinária da pasta que acompanhou o caso, Júlia de Melo, o tutor recebeu voz de prisão.
Nesta terça-feira (1º de julho), Júlia informou à reportagem do O Tempo Betim que o macho chegou à sede da secretaria adjunta apresentando dor intensa ao longo de toda a coluna vertebral e nos membros pélvicos, hipotermia, mucosas hipocoradas, desidratação, desconforto abdominal, ferida na cavidade oral e bexiga repleta. “O quadro é grave, com sinais vitais descompensados”, pontuou a veterinária. “Desde o resgate, ele vem sendo submetido à fluidoterapia, analgesia e anti-inflamatórios. Atualmente, permanece prostrado, ainda em decúbito lateral, com episódios de diarreia e êmese [vômito], sob monitoramento constante da equipe veterinária”, completou.
De acordo com a profissional, os dois animais resgatados no imóvel do Citrolândia passaram por avaliação clínica completa e por exames laboratoriais. O cão está com exames de imagem programados a fim de investigar possíveis lesões e causas subjacentes para o quadro. Já a fêmea, “embora assustada, está clinicamente estável, ativa e sem sinais evidentes de enfermidade”. A cadela também será castrada.
A veterinária afirmou que, apesar da gravidade, a expectativa é que o cachorro mais debilitado apresente melhora progressiva. “Após estabilização clínica e recuperação, os dois animais serão disponibilizados para adoção responsável. Seguimos confiantes na evolução do quadro, especialmente com o comprometimento de toda a equipe envolvida”, finalizou.