O silêncio da manhã desta terça-feira (15/7) foi quebrado apenas pelo choro contido e pelas orações de despedida. No Cemitério Parque Jardim da Cachoeira, no bairro Parque Cachoeira, em Betim, aproximadamente 70 pessoas — entre familiares, amigos e moradores da ocupação no Conjunto Habitacional José Gomes de Castro — acompanharam o sepultamento da menina indígena venezuelana de 12 anos, que faleceu devido a complicações gestacionais.
A adolescente, da etnia Warao, era a filha mais velha de cinco irmãos. Cuidava com carinho dos pequenos de 1 mês, 5, 6 e 10 anos. Vizinhos relatam que ela era sorridente, prestativa e discreta. A gravidez havia sido descoberta poucos dias antes de sua trágica morte. O bebê sobreviveu ao parto e permanece internado sob acompanhamento médico.
A cerimônia foi marcada por forte comoção e dor. Ao final do sepultamento, cumprindo um rito cultural, homens da família permaneceram de costas para o caixão. Em seguida, um parente colocou pertences pessoais da menina junto ao corpo, dentro do caixão — um gesto de despedida íntima e respeitosa. A família, refugiada da Venezuela, clama por justiça diante da perda precoce.
A Polícia Civil investiga o caso como estupro de vulnerável. O principal suspeito é um jovem, também morador da mesma ocupação, e as investigações seguem em andamento para apurar os fatos e responsabilizar os envolvidos.