Matriz de Nossa Senhora do Carmo é elevada a santuário em dia de festa da padroeira

Os sinos tocaram mais forte em Betim, na manhã desta quarta-feira (16/7), dia dedicado à sua padroeira, quando a cidade viveu um marco: a Paróquia Nossa Senhora do Carmo foi oficialmente elevada à condição de Santuário Arquidiocesano, em missa solene presidida pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

“Elevar esta paróquia a santuário significa edificar aqui uma intensidade maior de espiritualidade, de missão e de convite ao povo para que, seguindo o exemplo de Nossa Senhora, nós possamos seguir o caminho de Cristo”, declarou o arcebispo, diante de fiéis e peregrinos que lotaram o templo e os arredores.

A nova designação reconhece a importância histórica, pastoral e espiritual do espaço, que passa agora a integrar oficialmente os polos de peregrinação da Arquidiocese de BH. Segundo Dom Walmor, “os santuários intensificam o caminho da fé, fortalecem para a missão e convidam o povo ao carisma da devoção que ali é cultivada”.

A celebração contou ainda com a leitura, feita pelo padre Hélio Parreiras, responsável pelo novo santuário, da ata que formalizou a elevação. O documento detalha os processos e critérios analisados, como a relevância histórica, o papel pastoral da paróquia e o desejo da comunidade. “O santuário agora é uma referência para toda a arquidiocese. Estamos de portas abertas para receber todos os peregrinos e oferecer o que nós temos de preciosidade, que é a palavra de Deus, que gera em nosso coração muita esperança e força”, afirmou o padre.

Para o bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Nivaldo, a mudança tem forte impacto na vida religiosa local. “Esta paróquia deixa de ser uma referência apenas para os moradores do entorno, mas passa a ser uma referência para todas as pessoas que possuem fé cristã e católica, especialmente a fé a partir de Maria”, afirmou. De acordo com ele, “elevar uma paróquia a santuário é dar uma resposta mais adequada aos desafios sociais e da fé cristã católica”.

Ainda de acordo com o religioso, a escolha da Paróquia Nossa Senhora do Carmo para se tornar santuário se deu por Betim possuir uma caminhada eclesial de quase dois séculos. "A primeira igreja católica da cidade, a de Nossa Senhora do Carmo, foi construída em 1867. Além disso, a paróquia se destaca por sua profunda fé mariana", afirmou Dom Nivaldo. 

Frequentadora da Paróquia Nossa Senhora do Carmo desde que nasceu, a aposentada Maria do Carmo Amaral, de 66 anos, afirmou que a elevação da paróquia a santuário é uma graça alcançada pelos fiéis. "Frequento a igreja desde a época do Padre Osório (um dos primeiros padres de Betim). Fico muito graça. Este momento é uma graça alcançada", disse. 

Com a elevação, Betim passa a integrar a lista de 19 santuários da região metropolitana de Belo Horizonte, sendo o terceiro na Região Episcopal Nossa Senhora Aparecida, ao lado dos santuários do Barreiro e de Contagem.

“Convidamos os fiéis que frequentem o santuário como peregrinos, abrindo o coração para Deus e para os irmãos, para que nós, pela força da nossa fé, a exemplo de Maria, vivamos para transformar este mundo em um mundo melhor, mais justo, mais fraterno até caminharmos para o reino definitivo”, concluiu Dom Walmor.

Novo caminho de peregrinação

A programação deste 16 de julho se estende ao longo do dia. Às 15h, uma carreata percorre as ruas de Betim em homenagem à padroeira. Às 18h, uma procissão parte da Ermida Nossa Senhora do Carmo — construída em 2022 no mesmo local da primeira capela da cidade — em direção ao novo santuário. Um escapulário de 150 metros será carregado pelos fiéis, símbolo da devoção carmelita.

Além das celebrações, será inaugurada a Via das Sete Alegrias de Maria, trajeto de oração e reflexão que conecta a ermida ao santuário, reforçando o espaço como destino de fé e espiritualidade.

História de devoção

A devoção à Nossa Senhora do Carmo em Betim é antiga. A primeira capela data do século XVIII, e a cidade abriga uma caminhada eclesial com raízes profundas. A atual matriz foi construída nos anos 1960, após a demolição da capela original em 1969. Em 1999, um memorial foi erguido na Praça Milton Campos, seguido pela construção da Ermida, em 2022, resgatando a memória da fé na região.