Duas crianças, de 4 e 6 anos, foram retiradas da guarda da mãe após a identificação de marcas de agressões no corpo da filha mais velha, na tarde da última sexta-feira (18). As irmãs estavam sob os cuidados da babá em uma lanchonete no bairro Petrovale, em Betim, quando uma cliente percebeu hematomas visíveis na orelha e nas costas da criança. “Quando entrei no estabelecimento, vi algumas conhecidas e também a moça que cuida dessas crianças. A menina veio até mim, pediu um açaí e sentou no meu colo querendo brincar. Quando vi a orelhinha dela, perguntei. Ela virou e falou que era a mamãe que fazia aquilo, que era recorrente e que estava apanhando com cinto. Fiquei sem rumo”, relatou a mulher que fez a denúncia à reportagem e pediu para não ser identificada.
Segundo ela, a Polícia Civil foi acionada por meio da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Ibirité, já que as crianças moram com a mãe nessemunicípio, no bairro Jardim das Rosas. O Conselho Tutelar de Ibirité também foi acionado e conduziu a criança para atendimento médico na mesma cidade.
Um laudo do hospital onde a menina mais velha foi atendida confirmou que os hematomas eram compatíveis com os de agressões físicas, algumas recentes e outras mais antigas. Diante do resultado, a guarda da mãe foi suspensa de forma emergencial. As duas irmãs foram encaminhadas pelo Conselho Tutelar para ficarem com a avó materna, em Contagem. Segundo o órgão de proteção à criança e ao adolescente, o protocolo de urgência foi seguido.
Outra mulher que estava na lanchonete e viu os hematomas, reforçou a denúncia: “Está visível que tem maus-tratos. Espero que haja justiça para essas meninas. Que fiquem bem, mesmo que seja com a avó, mas que não voltem para a mãe”, disse.
O Conselho Tutelar formalizou o caso junto ao Ministério Público, que, assim como a Delegacia Especializada da Mulher de Ibirité, apura o caso. A Polícia Civil informou à reportagem que, apesar de não ter havido flagrante, o caso é tratado como prioritário. A mãe das crianças deve prestar depoimento nos próximos dias.
Procurada pela equipe de reportagem, ela negou as acusações e disse desconhecer a origem das marcas na filha de 6 anos. Ela afirma que parte das manchas no corpo da menor é de nascença. “Na semana retrasada, a babá tinha me falado que a orelha da minha filha mais velha estava roxa e inchada. Eu disse que não tinha olhado, não sabia o que era nem procurei saber porque minha filha não reclamou de dor comigo. Já as manchinhas nas costas são de nascença. Ela tem uma nas costas, uma no ombro, uma no joelho e outra no meio da coxa”, contou a mãe.
A mulher revelou que acompanhou parte do processo no Conselho Tutelar: “Eles leram o laudo médico, e eu disse que as acusações não tinham condições de ser”. Ela disse ainda que ligou para as filhas, que teriam pedido a ela para voltarem pra casa e que não queriam ficar na casa da avó. “Do jeito que estão falando, parece que alguém está orientando elas”, concluiu.