VÍTIMAS EM BETIM

Polícia conclui inquérito sobre fraudes bancárias em quatro agências do estado

Dezenove pessoas foram indiciadas; caso agora segue para o Ministério Público

Por Iêva Tatiana, Vitor Rocha e Mateus Pena

Publicado em 14 de agosto de 2025 | 19:53

 
 
Vítimas da organização criminosa ainda amargam prejuízos; valores subtraídos seriam utilizados para diversas finalidades Vítimas da organização criminosa ainda amargam prejuízos; valores subtraídos seriam utilizados para diversas finalidades Foto: Brandon Santos

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) concluiu o inquérito sobre um esquema de fraudes bancárias aplicadas em clientes de três instituições financeiras distintas do estado. Segundo a corporação, 19 pessoas foram indiciadas pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, estelionato qualificado pela fraude eletrônica, falsificação de documento público, uso de documento falso e falsa identidade. O resultado das apurações foi encaminhado ao Poder Judiciário para análise do Ministério Público, conforme foi informado pela polícia nesta quinta-feira (14). O órgão de Justiça poderá solicitar novas diligências ou oferecer denúncia.

A PCMG destacou o papel dos bancos na investigação. “Todas as instituições financeiras envolvidas colaboraram com as investigações da Polícia Civil, inclusive com trocas de informações que subsidiaram procedimentos internos para apurar as condutas dos respectivos funcionários”, frisou a corporação.

Entre as vítimas da organização criminosa estão moradores de Betim que teriam sido alvo do gerente de uma unidade do Santander no Centro. Ainda sem respostas concretas sobre o desfecho do caso, eles vivem a expectativa de conseguirem algum progresso na resolução do prejuízo que sofreram no ano passado. A partir do próximo mês, audiências de conciliação serão realizadas entre os clientes lesados e representantes do banco para que as partes tentem firmar um acordo. As audiências ocorrerão no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania, instalado no fórum do município, conforme consta no sistema de consulta pública do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. 

O caso, que vem sendo acompanhado pelo O TEMPO Betim, está ligado à Operação Descrédito – deflagrada pela PCMG em 22 de maio –, que investiga um golpe que teria causado um prejuízo de mais de R$ 20 milhões a pessoas físicas e jurídicas em Minas Gerais. Na ocasião, foram cumpridos 15 mandados de prisão e 20 de busca e apreensão em Betim, Belo Horizonte e no interior do estado. Entre os presos estavam quatro gerentes e dois ex-gerentes de bancos, suspeitos de repassar dados sigilosos de clientes a uma quadrilha especializada em estelionato, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e uso indevido de identidade, conforme divulgado pela corporação na época.

Segundo a advogada Fábia Parreiras, que representa algumas das vítimas do grupo criminoso em Betim, trata-se de um padrão de fraude que já motivou diversas ações no Judiciário. “O esquema ocorria dentro das próprias agências bancárias, com uso do nome e da estrutura da instituição, o que levava os clientes a acreditarem nas propostas por confiarem no banco. As práticas incluíam supostos investimentos de alta rentabilidade, venda de moeda estrangeira por valores abaixo do mercado, falsificação de extratos bancários e contratação de empréstimos sem autorização”, explica.

A advogada ressalta que, de acordo com os Códigos Civil e de Defesa do Consumidor, o banco possui responsabilidade objetiva pelas condutas praticadas por seus funcionários no exercício do trabalho. Informações extraoficiais dão conta que o gerente suspeito de aplicar os golpes no município teria sido demitido em maio, após retornar de uma licença médica. Procurada pela reportagem, no entanto, a instituição optou por repetir uma nota enviada anteriormente: “O Santander esclarece que os casos seguem sob análise e acompanhamento e reforça que possui sistemas para identificar eventuais desvios de conduta”.

Relembre a história

Segundo a Polícia Civil, a quadrilha investigada mirava pessoas com bom histórico de crédito. Os dados coletados eram repassados ao líder do grupo, que coordenava a falsificação de documentos e, com a ajuda de estelionatários, realizava a abertura de contas bancárias fraudulentas. 

Durante uma coletiva de imprensa em maio, o delegado Rafael Gomes destacou o grau de sofisticação da organização, que utilizava documentos falsos com selos e assinaturas que passavam pelos sistemas internos das instituições bancárias sem serem detectados.