Uma indústria de usinagem e calderaria instalada no bairro Jardim Piemonte, na regional Teresópolis, foi vítima de um golpe nesta semana. O único caminhão da empresa – que é de pequeno porte –, avaliado em cerca de R$ 400 mil, foi vendido e transferido para um homem em Firmino Alves, na Bahia. O veículo, no entanto, nunca esteve à venda.
A ação criminosa foi percebida pela contadora da empresa, Delaine Moreira. “Em junho, recebi um e-mail com uma solicitação de transferência do caminhão. Acionei o gerente, registramos um boletim de ocorrência e conseguimos reverter a situação. Nessa segunda (18), recebi o mesmo e-mail e enviei novamente para o gerente. Quando retornei à minha caixa de entrada, já havia outra mensagem confirmando a transferência do veículo. Um intervalo de três minutos. O processo todo foi concluído sem vistoria do caminhão, reconhecimento de firma ou assinatura pelo gov.br”, afirma Delaine.
Segundo ela, o CPF do novo proprietário do veículo é o mesmo de quem tentou fazer a transferência há dois meses. Os dados associados a ele (como telefones e endereços), porém, são inexistentes. Já o score na Serasa (que analisa risco de crédito) indica um “alto índice de fraude”.
Delaine conta que, diante da gravidade da situação, a empresa procurou a Polícia Civil (PCMG) novamente e foi informada pelo delegado de que existem cerca de 90 casos semelhantes registrados na mesma unidade policial. “Solicitamos uma vistoria do caminhão e comprovamos que ele é nosso. Inclusive, fomos os primeiros donos, e a documentação está toda regular. No entanto, não podemos arriscar a rodar muito longe porque, nos próximos dias, pode haver algum impedimento, fazerem um financiamento utilizando o veículo como garantia ou coisa do tipo”, pondera a contadora.
Com o veículo parado e impossibilitada de honrar os compromissos com os clientes, a direção da empresa já projeta um impacto no faturamento, que deverá cair em torno de 30% a 40%.
Procurada, a polícia informou, por meio da assessoria de imprensa, que instaurou um inquérito policial para apurar a denúncia de estelionato. “A PCMG realiza diligências, como a análise de provas documentais e oitivas com envolvidos, visando à resolução do caso”, diz o texto. De acordo com a corporação, o caso tramita na 1ª Delegacia de Polícia Civil em Betim, “e outras informações poderão ser repassadas à imprensa em momento oportuno”.