Comitê recolheu 4.500 animais mortos no trecho do rio entre Betim e Esmeraldas
Foto: Reprodução de vídeo
Comitê recolheu 4.500 animais mortos no trecho do rio entre Betim e Esmeraldas
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A mortandade de cerca de 4.500 peixes no rio Paraopeba, flagrados por moradores e pescadores no ponto de encontro entre o rio Betim e o manancial, até o município de Esmeraldas, está sendo investigada por autoridades ambientais, como o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), o Comitê da Bacia do Rio Paraopeba, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), a Secretaria de Meio Ambiente (Semad), a Polícia Militar de Meio Ambiente e a Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Esmeraldas. Para um dos ambientalistas ouvidos por O TEMPO Betim, existe a suspeita de crime ambiental, uma vez que a morte massiva dos peixes pode ter sido ocasionada pela contaminação das águas do rio por substâncias tóxicas.
“Nossa equipe recolheu, ao longo do rio, cerca de 4.500 peixes, além de água e sedimentos, que foram encaminhados para laboratório. Em breve, teremos os resultados e saberemos o que motivou essa mortandade. Ela se iniciou abaixo do rio Betim e atingiu Esmeraldas. Pedi urgência aos laboratórios. Aguardamos os laudos para tentar identificar o verdadeiro criminoso”, salientou o presidente do Comitê da Bacia do Rio Paraopeba, Heleno Maia, ao ressaltar que, caso os culpados da mortandade massiva sejam identificados, vai acionar a Justiça para punir os responsáveis.
O ambientalista declarou ainda que o fato de espécies mais resistentes à poluição, como cascudo, piranha, surubim, pacamã e bagre, terem sido encontradas mortas, reforça a suspeita de contaminação por substâncias tóxicas. Por isso, segundo ele, os peixes recolhidos serão incinerados para evitar a possível contaminação do solo ou da água.
A Secretaria Estadual de Meio Ambiente declarou, por meio de nota, que as medidas para mitigar os impactos ambientais serão definidas a partir dos resultados das investigações e do monitoramento contínuo realizado pelos órgãos competentes.
A Prefeitura de Esmeraldas afirmou, também em nota, que mantém “seu compromisso com a proteção ambiental, a saúde pública e a transparência das informações, permanecendo à disposição para prestar novos esclarecimentos conforme os desdobramentos junto aos órgãos competentes”.
A reportagem também questionou a Prefeitura de Betim para saber se o município estava investigando o incidente, mas, até o fechamento desta edição, o Executivo não se manifestou.
A Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social (Aedas), organização da sociedade civil que atua em Minas assessorando comunidades atingidas por desastres ambientais, afirmou em nota que também está acompanhando o incidente com “bastante preocupação” e que os moradores temem, sobretudo, que o abastecimento de água na Grande BH fique comprometido.
“Estamos ouvindo as comunidades e acolhendo as demandas encaminhadas pelas pessoas atingidas em relação a essa situação. Os atingidos da região têm demonstrado muita preocupação, medo e insegurança quanto ao risco iminente direcionado aos danos à saúde, ao meio ambiente e aos espaços de convivência”, declarou a Aedas na nota.
A preocupação dos moradores ouvidos pelas equipes da Aedas é compreensível. Isso porque o Sistema Paraopeba, formado pelas represas rio Manso, Serra Azul e Várzea das Flores, é responsável por abastecer mais de 3 milhões de pessoas, ou seja, mais da metade da população da região metropolitana — que é de 5.7 milhões, segundo o Censo do IBGE de 2022.
“Li esses dias uma matéria falando que estava tendo um surto de diarreia em Contagem. Agora, essa grande quantidade de peixes morre. Temo pela saúde da minha família. Não sei se dá pra confiar na água que chega às nossas casas”, desabafou a aposentada Isabel Nogueira, de 64 anos.
Apesar do temor, a Copasa garantiu, em nota, que o incidente não tem relação com a rede de operação da companhia e que não há qualquer risco para a população atendida pelo Sistema Paraopeba.
“O trecho em que o problema foi relatado está localizado a mais de 40 km abaixo do ponto de captação utilizado pela empresa”, informou a companhia na nota.
A Copasa declarou ainda que está atuando em conjunto com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e com a Polícia Militar Ambiental para investigar a causa da mortandade de peixes.
O presidente do Comitê da Bacia do Rio Paraopeba, Heleno Maia, contou que, além do episódio de mortandade de peixes, a entidade está investigando ainda o mau cheiro sentido pela população no leito do rio Betim e o aumento, nos últimos dias, de casos de Doença Diarreica Aguda (DDA), em Contagem. A Copasa garante que o surto na cidade vizinha não está relacionado à qualidade da água fornecida aos moradores.
(Com Nelson Batista e Rayllan Oliveira)