DIA ESPECIAL

No centenário de Noemi Gontijo, memorial em sua homenagem é inaugurado

Fundadora do Salão do Encontro marcou a vida de gerações com sua solidariedade

Por Kemileyn Freire

Publicado em 30 de março de 2024 | 15:29

 
 
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O centenário de dona Noemi Gontijo, fundadora do Salão do Encontro, foi marcado por muita emoção e alegria. O evento aconteceu neste sábado (30) e contou com a inauguração do memorial que homenageia uma das mulheres mais expoentes de Minas. O mais novo museu da cidade funcionará na antiga Casa de Hóspedes, onde dona Noemi morou por cerca de dez anos, e fica dentro da unidade matriz do Salão do Encontro, no bairro Angola.

E, nesta data tão especial, ninguém melhor do que as pessoas que conviveram com dona Noemi para falar da homenageada. A pedagoga Léa Viggiano trabalhou diretamente com a fundadora do Salão do Encontro por cerca de 27 anos e se emociona ao lembrar da trajetória: “O meu ser teve a sua construção aqui, no Salão do Encontro. O meu pai trabalhava como voluntário na instituição, e, quando me formei em magistério, dona Noemi me acolheu. Então, tive a honra e a alegria de conviver de perto com ela e de aprender muito. Hoje tudo o que faço tem o princípio da doação e de fazer bem-feito para o próximo, pois foi isso que a dona Noemi nos ensinou. Ela tem esse poder de despertar na gente o que temos de melhor, além de ser uma pessoa visionária, enxergando sempre além do seu tempo”.

Gerente de projetos e de captação de recursos, Lourdes Leite trabalha no Salão com alegria nos olhos. Ela conta que dona Noemi veio de uma família de muitas posses, mas sempre optou por estar ao lado dos menos favorecidos. “Ela diz que na época em que suas irmãs iam para os bailes, ela ia alfabetizar os filhos dos trabalhadores da fazenda e que herdou isso da avó. Além disso, a sensibilidade dela com a arte é de destacar. Dona Noemi foi professora de artes em algumas escolas de Betim. Ela sempre teve bom gosto e quis trazer isso para a população atendida pelo Salão do Encontro, sendo um lugar muito alegre, arborizado e bonito, para receber as pessoas com o melhor”, conta Lourdes.

Para ela,  é muito difícil falar da fundadora da instituição sem mencionar o respeito e o amor ao próximo. “A dona Noemi sempre acreditou no potencial das pessoas, em especial dos deficientes e dos menos favorecidos. Então, ela deixa esse legado de valorização, inclusão e geração de oportunidade. Isso torna o Salão do Encontro o que ele é hoje”, afirma a gerente de projetos.

Memorial Noemi Gontijo:

Alguns dos objetos que serão expostos no museu
são: um jogo de louças que pertencia à mãe de dona Noemi, instrumentos de trabalho antigos utilizados pelos artesãos nos primeiros anos do Salão do Encontro e móveis antigos. Também haverá fotos históricas com marcos da instituição, como da visita feita pelo educador Paulo Freire a dona Noemi para conhecer o Salão.

Em um dos quartos, estarão  uma apresentação dos programas desenvolvidos atualmente e a reprodução do certificado de um aluno da primeira turma de formandos, em 1974.

“Por meio do memorial, nós estamos deixando esse legado para as próximas gerações. Mas não somente o legado de saberes culturais, e, sim, o legado de uma pessoa que acredita no potencial do ser humano”, encerra Lourdes. 

O espaço ficará aberto ao público, mas as visitas deverão ser agendadas por meio do email visitas@salaodoencontro.org.br.