ARTE URBANA

Projeto quer transformar Rua do Rosário, no Angola, em galeria de arte a céu aberto

Inspirado no Beco do Batman, o Mural B propõe mais de 100 metros de painéis grafitados e busca valorizar os artistas e o turismo cultural na cidade

Por Marcio Antunes


Publicado em 25 de outubro de 2025 | 14:35
 
 
Luciana Rodrigues e os artistas da APV Crew estão juntos na realização do projeto aprovado pela Lei Rouanet

Imagine caminhar pela Rua do Rosário, no bairro Angola, e ser envolvido por cores, formas e histórias que pulsam nas paredes. Essa é a proposta do Mural B – Circuito Muralismo Betim, projeto cultural da cidade aprovado pela Lei Rouanet, que pretende transformar a via — já conhecida por sua gastronomia e grandes eventos, como o pré-carnaval — em uma verdadeira galeria de arte a céu aberto, com mais de 100 metros de painéis grafitados.

Inspirado no Beco do Batman, em São Paulo, o Mural B nasce com o propósito de valorizar o grafite como expressão artística e, ao mesmo tempo, reforçar o potencial turístico e criativo de Betim. A iniciativa é assinada pela empresa Quê Projeto! em parceria com o coletivo de artistas APV Crew (Arte Pra Vida). 

O projeto betinense prevê 10 murais com tamanhos que vão variar de 8m a 25 metros. As obras que vão compor o projeto incluem temas como sustentabilidade e engajamento social. Para cada mural entregue, o projeto inclui, ainda, outras atividades relacionadas, como teatro, hip hop, dança, entre outros. 

Para a idealizadora, o ‘Mural B’ representa um avanço para as artes urbanas da cidade. “Ao criarmos a maior galeria de arte a céu aberto da cidade, com foco em sustentabilidade, estaremos cimentando um novo pilar. Conectamos nossa cultura e gastronomia a um circuito de arte que se traduz em fomento direto à economia criativa e atração de turismo”, explica Luciana Rodrigues, da Quê Projeto!.

Impacto sociocultural

O Mural B pretende fomentar a economia criativa local com a promoção de oficinas de formação artística e contrapartidas sociais, além de buscar dar mais visibilidade aos grafiteiros betinenses. Entre os representantes da cena urbana da cidade estão Lucas Castilho e João Paulo da Silva (Skilo), ambos embaixadores do Mural B e integrantes do APV Crew, coletivo que reúne cerca de 20 artistas independentes. 

O grupo, formado por grafiteiros e produtores culturais, atua em projetos individuais e coletivos, promovendo intervenções artísticas em diferentes pontos da cidade e fortalecendo o movimento do grafite local. O APV Crew, além de co-realizador, assumiu a curadoria do projeto. 

Para Lucas Castilho, a proposta representa uma nova fase para a arte urbana betinense. “Eu vejo como uma oportunidade muito interessante de divulgação. A rua tende a ser o local mais democrático, alcançando pessoas de diferentes níveis sociais. Isso pode inspirar novos artistas e renovar o fôlego de quem já está na ativa. É um projeto pioneiro que traz a arte para perto das pessoas, no cotidiano. Talvez, se eu tivesse sido exposto a esse tipo de expressão mais cedo, teria encontrado meu caminho antes. Agora, temos a chance de inspirar outros”, afirma.

João Paulo da Silva, o Skilo, também integrante do APV Crew, reforça a expectativa do grupo para a via do bairro Angola. “Esse projeto, além de colocar Betim de vez no mapa das cidades onde os grafites se destacam e viram atração turística, vai também dar destaque aos artistas locais. Se preparem, Rua do Rosário — estamos chegando”, conta 

O Mural B está aprovado na Lei Rouanet (Pronac 257898) e se encontra na fase de captação de recursos. Empresas interessadas em destinar parte dos impostos para apoiar a iniciativa podem entrar em contato com Luciana Rodrigues pelo telefone (31) 99168-3608.