NACIONAL

Atriz betinense volta aos palcos no Rio de Janeiro e expressa vontade de trazer espetáculo pra Betim

Adriana Rabelo já se apresentou na cidade com a peça ‘Visitando Camille Claudel’, que trata a arte e a opressão social

Por Brunna da Matta Amorim

Publicado em 01 de agosto de 2025 | 09:00

 
 
Espetáculo já foi assistido por mais de 10 mil pessoas e rendeu à betinense indicação ao prêmio de melhor atriz Espetáculo já foi assistido por mais de 10 mil pessoas e rendeu à betinense indicação ao prêmio de melhor atriz Foto: Zeca Amorim/Divulgação

A atriz betinense Adriana Rabelo volta ao palco no espetáculo "Visitando Camille Claudel", que será exibido no Rio de Janeiro. A peça já foi assistida por mais de 10 mil pessoas e proporcionou à artista a indicação ao prêmio de melhor atriz no Fest Campos Goytacazes.

Adriana conta que esse espetáculo mudou a vida dela. "Me deu reconhecimento, sim, mas mais do que isso: me deu voz. Camille Claudel foi apagada, silenciada e enclausurada. Ao contar sua história, eu também fui resgatando partes minhas que tinham sido silenciadas. Ela me ensinou que ousar ser artista e mulher tem um preço, mas também tem uma beleza e uma força que ninguém tira", relata a atriz. "Esse espetáculo é minha travessia. Minha forma de resistir, de amar, de existir", diz.

Para a betinense, atuar nessa peça é como abrir uma cápsula do tempo, mas que continuou viva como um grito contra o machismo estrutural e o adoecimento mental, causado pela opressão social, trazendo à tona uma artista silenciada, mas jamais esquecida. "'Visitando Camille Claudel' me acompanha há duas décadas. E, agora, com tudo que vivi, estou redescobrindo essa personagem com outro olhar, outra carne, outra alma. Estar em cena novamente com essa obra é como reencontrar uma versão antiga minha e abraçá-la com maturidade, afeto e coragem. É profundamente libertador", afirma a atriz.

Na celebração dos 20 anos de lançamento, o espetáculo volta a ser exibido entre os dias 2 e 25 de agosto, no Teatro Gláucio Gill, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

‘Visitando Camille Claudel’ na cidade

O monólogo já passou por Betim em 2010, no auditório da prefeitura. Agora, Adriana quer trazer novamente a peça para a cidade e já iniciou as conversas para uma nova temporada. "Quero muito levar esse reencontro pra minha terra! Betim é onde tudo começou, onde plantei as primeiras sementes do meu sonho. Ainda estamos em conversas e articulações, mas o desejo é real e profundo. Quero fazer esse retorno com tudo que ele merece", revela.

A atriz foi criada no bairro Bandeirinhas, antes de a família Rabelo Diniz se mudar e criar raízes no bairro Angola, onde ainda vivem a mãe, irmãos e outros parentes de Adriana, que há décadas mora no Rio de Janeiro.

Trajetória

Adriana Rabelo conta que, nos últimos anos, concentrou sua energia no audiovisual, fazendo novelas e séries, além de ter filmado um longa que estreia em 2026. “É um filme sensível e potente, rodado inteiramente em Minas Gerais, na cidade de Caratinga. Voltar a filmar em solo mineiro foi especial demais pra mim , como um reencontro com as raízes", afirma ela. Para Adriana, foi um período importante, em que ela se expressou por outras linguagens. "Minha trajetória como atriz seguiu viva, pulsante", frisa.

A betinense é formada em artes cênicas pela Unirio e em letras pela Estácio. No cinema, atuou em "Tudo Que é Sólido" (2025), ainda inédito, dirigido por Márcio Soares. Na TV, participou da série "Reis" (Record, 2024) e da novela "Fuzuê" (Globo, 2023). Entre seus trabalhos estão "Desalma" (Globoplay, 2020 e 2022), "Gênesis" (2021), "Jesus" (2019) e "A Força do Querer" (2018). No cinema, integrou o elenco de "O Grande Kilapy" (2014), com Lázaro Ramos. Foi indicada como melhor atriz no Festival Ver e Fazer Filmes pelo curta "A Cartomante". No teatro, produziu e atuou no monólogo "Visitando Camille Claudel" (2025), pelo qual foi indicada como melhor atriz (Fest Campos Goytacases - RJ).

A peça

O espetáculo trata a história da escultora francesa Camille Claudel, suas descobertas da infância e o talento de uma criança indomável, que lutou para se estabelecer em Paris em uma época em que a profissão era estritamente masculina. O preconceito machista foi enfrentado de forma vigorosa pela artista, que acabou internada num hospício nos últimos 30 anos da sua vida.

Adriana Rabelo revela que mergulhou no universo de Camille para criar o espetáculo. Pesquisou textos, cartas e imagens, além de frequentar cursos de escultura, desenho e manipulação de bonecos. Ela ainda fez uma imersão no mundo da psiquiatria, conversando com profissionais da saúde mental para entender as nuances do isolamento vivido pela escultora.

A betinense também visitou Paris, onde conheceu a escritora Anne Delbée, autora do livro “Camille Claudel, Uma Mulher”. Ela visitou também o museu Rodin, onde viu as obras de Camille e Auguste Rodin, com quem a escultora viveu conturbada história de amor. “A vida e a obra de Camille Claudel marcaram profundamente a arte contemporânea e continuam inspirando pessoas em todo o mundo”, afirma a atriz.