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DECISÃO

Em final emocionante, Cássio Menezes conquista Campeonato de Xadrez de Betim 2024

Natural de Recife, Pernambuco, bombeiro militar precisou de duas partidas para levar o troféu 

Por Bruno Daniel

Publicado em 14 de agosto de 2024 | 13:52

 
 
Cássio Menezes foi o campeão da edição de 2024 do torneio Cássio Menezes foi o campeão da edição de 2024 do torneio Foto: Fred Magno

O mundo do xadrez aplaude o bombeiro militar Cássio Menezes, de 38 anos. Pela primeira vez, o enxadrista venceu o Campeonato de Xadrez de Betim, edição 2024. O torneio começou em janeiro deste ano, e a grande decisão foi disputada nos estúdios da rádio FM O TEMPO 91,7, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte (veja a transmissão aqui). O belorizontino Malon Vinicius ficou com o segundo lugar. 

A grande final foi tão emocionante que apenas uma partida não foi suficiente para definir o campeão. O primeiro duelo entre Malon e Cássio ficou empatado, forçando uma segunda partida entre os dois enxadristas. Cássio entrou na decisão com a vantagem do empate e, com Malon pressionado a vencer o segundo jogo para ser campeão, acabou se aproveitando de movimentos mais agressivos do adversário para levar o troféu. 

“Eu nunca tinha jogado contra o Malon, então não tive uma referência, e ele é um ótimo jogador. Foi uma partida muito difícil, equilibrada. A primeira partida, eu joguei para o empate, a segunda também. E como ele precisava da vitória, ele fez alguns movimentos que eu acabei aproveitando, mas ele é um ótimo jogador”, elogia. 

Cássio Menezes é natural de Recife, Pernambuco. Foi lá, aos nove anos de idade, que ele teve os primeiros contatos com o xadrez, por meio de um vizinho que o apresentou o jogo. O campeão de Betim 2024 veio para Minas Gerais ainda aos nove anos de idade, e o xadrez o ajudou na daptação. “Me ajudou a me enturmar, conhecer pessoas e ficar longe dos perigos da rua, pois eu preferia ficar no poliesportivo jogando”, relembra. 

Após uma pausa de cinco anos para estudar e se formar em Enfermagem e virar bombeiro militar, Cássio retomou os torneios de xadrez no ano passado, quando ficou em quarto lugar na disputa de Betim, e conquistou o torneio neste ano, após horas de dedicação. 

“Para esse torneio, eu aproveitei minhas férias no serviço e fiquei duas semanas me dedicando, por volta de três, quatro horas por dia, estudando, vendo partidas de mestres que dão muita referência pra gente. Muito feliz, porque ano que vem faço 30 anos de xadrez. Mas quem é mestre treina oito horas por dia, treinando abertura, meio do jogo e finais”, conta.

Na ordem: Samuel Lucas, quarto colocado; Ernando Vieira, terceiro colocado; Malon Vinícius, segundo colocado; Cássio Menezes, campeão; Frederico Gazel, mestre internacional de xadrez, professor de xadrez e comentarista da final; Domício de Souza, presidente do Clube de Xadrez de Betim; e Matews Villander, diretor de marketing do clube. Foto: Fred Magno

O xadrez em Betim 

O presidente do Clube de Xadrez de Betim, Domício de Souza, conta que o clube foi fundado em 1998 e, desde 2005, adota o sistema com partidas finais para definir o campeão. O campeonato é composto por duas partes.  

"Na primeira, são seis etapas classificatórias, cada uma com cinco rodadas no sistema suíço (onde os vencedores jogam contra os vencedores até ir afunilando). São em média 30 jogadores, e ninguém é desclassificado, todos os jogadores jogam cinco partidas. Em cada rodada, dois jogadores, os melhores que ainda não foram classificados, garantem vaga na segunda etapa", detalha.  

Após as seis etapas, os 12 classificados se juntam ao campeão e vice do ano anterior, mais dois convidados, para inteirar 16 participantes. Esses 16 jogadores fazem a etapa final, no sistema de mata-mata. Essa etapa final é um torneio de ranqueamento, no qual o primeiro colocado da primeira etapa enfrenta o pior dos classificados, o segundo melhor enfrenta o segundo pior classificado e assim por diante.   

Nas partidas finais, o melhor do torneio de ranqueamento tem direito ao empate para ser o vencedor. Cada vitória vale um ponto, quem perde sai, e o empate vale meio ponto.  

Além do campeão geral do torneio, também é premiado o campeão de Betim, para valorizar os enxadristas da cidade. Se um betinense vencer o torneio geral, automaticamente ele também é o campeão de Betim. Mas se alguém de outra cidade vencer o campeonato, o betinense melhor colocado no torneio é considerado o vencedor do município. 

Dá para viver do xadrez? 

Muitos amantes do xadrez sonham em, quem sabe um dia, viver do jogo, disputando torneios pelo Brasil e pelo mundo, mas quem tem hábito de competir revela um cenário desanimador para quem tem estes projetos. Terceiro colocado no torneio de Betim deste ano, Ernando Vieira é categórico sobre o assunto. 

"Não dá para viver do xadrez só com jogo, te afirmo sem medo de errar. Nosso melhor mineiro, que já foi até campeão brasileiro, é de BH mas mora em Montes Claros, onde ele tem ajuda de custo para viver só do jogo" relata. Ernando usa exemplos práticos para embasar sua opinião. 

"No estilo blitz (três minutos para cada jogador), minha premiação foi R$ 100. No ano passado, fiquei em terceiro lugar, e a premiação foi de R$ 200. A competição foi em Pará de Minas, e eu gastei muito mais para participar, entre R$ 600 e R$ 700 reais", revela. 

Ernando Vieira é atualmemte o terceiro melhor de Minas Gerais no xadrez rápido (entre 15 minutos e uma hora de duração) e o quinto melhor no xadrez pensado (mais de uma hora de duração). Ernando é octa campeão de xadrez de Betim. 

O campeão Cássio afirma que falta fomento ao esporte. “Se a pessoa der aulas, cursos online, dá para viver do xadrez, mas só como jogador, é impossível. As prefeituras precisam entender que o xadrez é importante para crianças, para um momento de pausa, para saber interpretar. O xadrez te ajuda a ter um raciocínio, saber o que você tem ou não tem que fazer”, explica.

Veja entrevista com o campeão Cássio Menezes: