HERON GUIMARÃES

Nosso beco, nosso bem

Esses espaços estreitos desempenham um papel vital na identidade do Teresópolis

Por Heron Guimarães

Publicado em 04 de janeiro de 2024 | 22:33

 
 
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Heron Guimarães
Colunista de Opinião
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A região do Teresópolis é formada hoje por 12 bairros bastante populosos e 172 becos que a entrelaçam onde a maioria dos cerca de 40 mil habitantes vive.

São testemunhas de uma rica tapeçaria cultural e histórica, refletindo as necessidades e as experiências únicas de seus moradores. Imersos em uma trama urbana complexa, esses espaços estreitos desempenham um papel vital na identidade do bairro, servindo como centros de convivência e expressão cultural. 

No entanto, para preservar essa riqueza, é essencial abordar as necessidades específicas da comunidade, garantindo respeito à sua forma de vida.

A cultura intrínseca desses becos, muitas vezes esquecida pelos padrões urbanos convencionais, requer uma abordagem sensível. A introdução de projetos de acessibilidade, urbanismo e paisagismo pode transformar esses espaços em ambientes inclusivos e funcionais. Ao se reconhecer a relevância dos becos como lugares de convivência, é possível criar espaços de descompressão, que promovam o bem-estar e a interação social, fortalecendo os laços comunitários e combatendo preconceitos e desinformação.

Considerando-se o contexto histórico desses becos, um programa de revitalização deve se emergir como ferramenta crucial para preservar e realçar sua herança. A revitalização não apenas moderniza infraestruturas e garante vidas, mas também resgata elementos históricos, conectando o passado ao presente. 

Ao incorporarmos a participação ativa da comunidade nesse processo, com escuta ativa da comunidade, garantimos que as futuras mudanças reflitam verdadeiramente as aspirações e os valores dos moradores, criando um ambiente que celebra a diversidade cultural e a identidade local.

Uma das políticas públicas de urbanismo, integração social, economia criativa e valorização comunitária mais eficientes do mundo está nos programas desenvolvidos na Comuna 13, um dos maiores aglomerados de Medellín, que as autoridades, em governos consecutivos, instalaram uma escada rolante ligando a base ao topo do morro. Não seria utópico começar uma experiência parecida em Betim. Não a escala rolante em si, mas o conceito tão eficientemente elaborado.