Opinião

O paradoxo de Fermi

A humanidade tem muito a evoluir, a descobrir, a mudar os comportamentos e atitudes

Por Vittorio Medioli

Publicado em 28 de maio de 2023 | 06:00

 
 
Vittorio Medioli
Colunista de Opinião
Colunista de Opinião
Vittorio Medioli Vittorio Medioli
aspas
normal

Pode-se assistir no YouTube a diferentes documentários que tratam da paradoxal possibilidade de existirem em nossa galáxia, a Via Láctea, mais de 100 mil civilizações em outros tantos planetas similares à Terra. Isso remete ao paradoxo de Enrico Fermi, físico italiano, Prêmio Nobel em 1938, com apenas 37 anos. Era considerado um gênio, e a ele se devem os primeiros estudos e concepções sobre a física quântica.

Dotado de capacidades incomuns, que o fizeram o principal responsável pelo desenvolvimento do primeiro reator nuclear, formulou, no ano de 1950, durante discussão com outros cientistas, a hipótese de existirem outras civilizações no universo e, ainda, na nossa galáxia.

O paradoxo estaria no conflito entre um argumento de escala e probabilidade e a falta de evidências. Ele afirmou que “o aparente tamanho e idade do universo sugerem que muitas civilizações extraterrestres tecnologicamente avançadas deveriam existir. Entretanto, essa hipótese parece inconsistente pela falta de evidências e provas concretas para suportá-la”.

O primeiro aspecto do paradoxo, “o argumento de escala”, é uma função dos números envolvidos: há aproximadamente 200-400 bilhões de estrelas, ou sistemas solares, na Via Láctea, que é apenas uma em cerca de 2 trilhões de galáxias visíveis. Disso pode-se calcular a presença de 70 sextilhões (sete seguido por vinte e dois zeros) de sistemas solares no universo visível.

À Via Láctea, entretanto, Enrico Fermi atribui a possibilidade de existir um planeta igual à “Terra” a cerca de 4 milhões de sistemas solares, daí chega-se à possibilidade de termos na galáxia 100 mil civilizações terrestres. Isso excluindo-se os cerca de 2 trilhões de galáxias visíveis, que poderiam ter as mesmas presenças de civilizações.

Civilizações seriam comuns, contudo dificultadas pelas distâncias e tecnologias à disposição delas.

O mais surpreendente, nesses cálculos “possíveis”, é que “a Terra, com seus 3,8 bilhões de anos de existência”, seria um astro recente, enquanto outros contam com mais que o dobro de idade. Quer dizer, cerca de 4 bilhões de anos mais velhos ou evoluídos. Perdidos no meio de imensidões que se renovam a cada avanço, ficamos expostos a possibilidades incríveis, incalculáveis, como os bilhões de anos evolutivos a mais de planetas similares ao nosso.

Se na “vastidão” da Terra, que nesses cálculos se reduz a um simples granel de areia numa praia de Copacabana, existem aborígenes das ilhas Papua a testemunhar uma involução de alguns milhares de anos atrás, o que somos no Homo sapiens em relação aos possíveis alienígenas presentes no universo? A existência de civilizações milhões de vezes mais evoluídas que a nossa seria, então, outra probabilidade absoluta, mesmo que paradoxal.

A humanidade tem muito a evoluir, a descobrir, a mudar os comportamentos e atitudes.

Sinais recentes indicam que já entramos numa aceleração evolutiva que apresenta novos biotipos humanos produzidos pelas últimas gerações.

A mesma física quântica descortinada por cientistas como Enrico Fermi deve representar um avanço que parecia intransponível e já estará disponível em equipamentos computacionais comercializados em 2025.

Está nascendo agora, como era previsto, o homem cósmico, voltado para a imensidão acima de sua cabeça.