OPINIÃO

Natal, um dia especial

Apesar de a escolha do Natal ter sido influenciada por uma decisão política, a data de 25 de dezembro não deixa de fazer justiça à fama de Jesus Cristo

Por Vittorio Medioli

Publicado em 22 de dezembro de 2024 | 10:08

 
 
Natal Natal Foto: freepik
Vittorio Medioli
Colunista de Opinião
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Natal, para a maioria, é o dia de trocar presentes e se reunir com a família em volta de uma mesa mais farta. O significado religioso primordial se diluiu no meio de negócios, do fechamento de balanços, das luzes pulsantes e do 13º salário.

Nem sempre foi assim. O dia 25 dezembro é uma data pré-cristã que foi adotada oficialmente como a natividade de Jesus a partir do ano 353 pela Igreja Católica Romana. A escolha se deu em função de substituir o caráter pagão da festa de 25 de dezembro que agitava Roma a cada ano nas comemorações do nascimento do deus Mitra. Tratava-se do “Dies Natalis Solis” (“Dia de Nascimento do Deus Solar”), que acontecia ao final de sete dias de festas dedicadas a Saturno entre 17 e 24 de dezembro.

Clemente Alexandrino, profundo pesquisador da vida de Jesus, acreditava, em torno do ano 200, que o nascimento do Messias teria se dado entre 19 de abril e 20 de maio, época, portanto, primaveril. Mas na incerteza, e até para substituir festas pagãs, o governo romano, convertido à nova religião, transformou as comemorações de Mitra naquelas de Jesus. 

Apesar de a escolha do Natal ter sido influenciada por uma decisão política, a data de 25 de dezembro não deixa de fazer justiça à fama de Jesus Cristo, filho do Pai e concebido pelo Espírito Santo através da Virgem Maria. A natividade de Mitra (um deus solar) foi usurpada pelos romanos da tradição egípcia que fazia coincidir com essa data o nascimento do deus Horus, fruto da união de Osíris (pai-sol) e de Ísis (mãe-lua), completando assim a trindade que governa o universo. Horus era adorado como o grande deus “amado dos céus, descendente dos deuses, subjugador do mundo”. No quarto dia após o solstício de inverno, era retirado do templo, e sua imagem de menino recém-nascido era exposta à adoração.

Para os egípcios, Ísis era a Virgem-Mãe, uma deusa lunar, assim como Osíris era o próprio Sol. Portanto, não gera estranheza que Horus tivesse seu nascimento em 25 de dezembro; parece até óbvio o significado dessa data quando avaliada pelas suas relações astronômicas, pois, se observarmos a data de 21 de março, equinócio de primavera (no hemisfério norte), teremos naquele dia o perfeito equilíbrio entre a Lua e o Sol (24 horas divididas entre luz e escuridão). Nessa equânime divisão, seria concebido o filho destinado a nascer 40 semanas depois, como qualquer ser humano (40x7 semanas = 280 dias, prazo em que se completa a gravidez da mulher). Exatamente 280 dias depois de 21 de março encontramos o dia 25 de dezembro. 

Considerando, assim, os astros, nada mais justo do que a natividade, o fruto da junção do Sol com a Lua, coincidir com o Natal, que festejaremos na noite da próxima terça-feira. Seja como for, o dia 25 é um acontecimento planetário e, como tal, preserva um significado que transcendeu diferentes religiões, mantendo, contudo, o mesmo significado de nascimento do filho de Deus, enviado para acelerar a evolução e o bem da humanidade. 

Aproveito para desejar a todos um feliz Natal, com muita paz e saúde.