
Pesquisa realizada pela AtlasIntel depois da operação Contenção revelou que 42,3% dos entrevistados a desaprovam e 55,2% a aprovam. A maior aprovação, de 80%, se deu entre moradores de aglomerados como aquele da Penha, no Rio, palco do extermínio de 121 pessoas, 117 narcotraficantes e quatro policiais. Reflete a rejeição em relação ao Comando Vermelho e afins.
Não por menos, depois da operação, as tropas do Bope, como heróis, desfilaram entre aplausos pelas vias públicas do Rio de Janeiro.
O cuidado de preservar a população e de ter encurralado o bando em fuga pesou internacionalmente. Pela primeira vez em ações repressivas e letais, a população foi preservada. Não se deu margem para críticas e para derramar trigo na catação do joio.
Guerra é guerra, e as organizações criminosas do narcotráfico, verdadeiras células terroristas, vêm ocupando inteiros setores civis e econômicos em serviços, transporte coletivo, coleta de lixo, abastecimento e distribuição de combustíveis; incendiando lavouras para adquirir propriedades rurais; desalojando ou submetendo a pedágio comerciantes, moradores de casas populares, casas lotéricas; comprando cotas de SAF de futebol e clubes; dominando os que prestam serviços de saúde e educação públicas, aluguel de veículos para setores públicos, editoras de livros didáticos, redes de distribuição de internet (destruindo as das empresas existentes) em todo o Brasil; impondo a ferro e fogo, com tortura e mortes, a lei do mais forte, armado e cruel. Vige hoje um regime de terror e crueldades, de iniciação aos narcóticos e bandidagem.
Nas favelas o espaço é deles, e quem não se submete é eliminado. Em reação espontânea, cresceu o movimento cristão nas comunidades, multiplicaram-se milhares de pequenos templos e igrejas, refúgios da população que quer paz e respeito e almeja pelo trabalho honesto e uma vida melhor. Gerou-se uma resistência pacífica, que garante a sobrevivência onde os métodos criminosos aviltam e brutalizam.
Os narcomilitantes não sitiam com seus tentáculos armados apenas os pontos de venda de drogas, mas cada ínfimo espaço, comércio e moradia. A escalada dessas ocupações predatórias começou quando os aglomerados foram desocupados pela ordem pública e deixados à mercê dos tubarões do tráfico, num velado acordo entre políticos, corruptos e bandidos. Aliás, com os bandidos elegendo seus representantes, financiando outros e comprando o contingente de corruptos irresponsáveis, que abundam entre políticos tupiniquins. Formou-se à sombra da bandidagem uma teia que perpassa os poderes, assalta, desfruta e suga impiedosamente a sociedade.
A operação Carbono, em São Paulo, desencadeada pela Polícia Federal contra o PCC, entrou na Faria Lima e destampou fundos de até R$ 360 bilhões, que se desfizeram instantaneamente como barras de gelo dentro de um forno de carvão. Isso para eliminar os laços com a elite podre do Brasil.
Entre os mortos na Penha, cerca de 44 tinham prisão decretada, que estava sendo cumprida na operação Contenção; outros tantos e seus “soldados” se refugiaram no Rio de Janeiro vindos de outros estados em fase de colonização do CV.
Os que fugiram para as matas com armas automáticas, importadas, de grande calibre, além de drones e suporte bélico de última geração, se encontraram com o Muro do Bope e se deram mal.
A narrativa de que as forças venezuelanas treinaram para a guerrilha os traficantes cariocas encontrou vestígios em alguns armamentos bélicos privativos do Exército de Maduro.
Quem se rendeu sobreviveu – foram levados para a delegacia cerca de 80 indivíduos, que, somados a 117 vítimas mortas, tirou de circulação duas centenas de elementos do núcleo de elite do CV. Muitos, entretanto, conseguiram evadir.
O governo federal perdeu a carapuça, além de cair em contradições perturbadoras, como a do presidente Lula num pronunciamento sob holofotes internacionais, que considerou “o traficante vítima do usuário”. Não há por parte da União como apresentar ações efetivas depois de quase três anos de governo em defesa da população ordeira, vítima do narcotráfico.
A segurança nacional e o avanço dos narcóticos se destacam como os itens, junto à saúde, que mais despontam entre as demandas da população. Essa declaração sobre o traficante como vítima do usuário pode custar, como o “perdeu, mané” carimbou Barroso para o resto da vida.
A operação partiu do governo do estado do Rio e recebeu a solidariedade de outros governadores, como Ronaldo Caiado, outro que de fato barrou em seu pujante estado os avanços dos narcotraficantes.
A cortina inicial de fumaça midiática evaporou ao calor popular. Hoje são poucos os que não enxergam a guerra declarada pelo narcotráfico organizado contra o Brasil “legal”.
Sustentadas por lucros mirabolantes pelo tráfico de drogas, que anda solto, as organizações criminosas evoluíram de carrapato parasitário a player bilionário da economia brasileira. Vivem o delírio do carrapato que quer engolir a vaca.
A aprovação de 80% para a operação Contenção não é apenas lógica, mas também espelha o perfil das favelas do Rio e das grandes metrópoles açoitadas pelo narcotráfico, que se impõe pelas armas, pela truculência e por suas “leis terroristas”.
As favelas se encontram desocupadas dos entes de segurança. Nela vige apenas a lei do mais forte. O crime organizado e soberano arregimenta a juventude em suas fileiras e inicia no uso de drogas os jovens, submete ao pedágio comerciantes, ocupa cada centímetro da comunidade, impõe suas operadoras de telecomunicações, expulsa viúvas e toma posse de suas moradias, controla a distribuição de gás, os bares, as distribuidoras de bebidas e de gelo, o transporte por vans, os jogos de apostas e, acima de tudo, o tráfico de entorpecentes, a maior fonte de sua receita bilionária. Conta com apoio político, elege vereadores e deputados, submete ou elimina quem se torna um obstáculo, especialmente na população mais carente. Influencia com ameaças os votos nas urnas, que são controladas por mesários escolhidos a dedo. Quem não entrega a foto do seu voto pode ser arrebentado com repertório de sadismo, queimado entre pneus em chamas ou aniquilado dentro de balde de gelo até a morte.
Tem como sair do inferno. É preciso não apenas reprimir, mas eliminar na base as causas sociais e econômicas, além de gerar ações virtuosas e inadiáveis. Temos exemplos de sucesso.
Trataremos do assunto na próxima coluna.