Quando se pensa em um sacerdote, chega-se a imaginar alguém que abraçou a causa religiosa, espiritual, e todas as formas possíveis de melhorar outros seres humanos. Já quem abraça a vida pública, o “político”, em outra raia, indica uma personalidade que deveria ser profundamente devotada ao bem da comunidade, às leis, defensora da justiça social e do bem de todos, em alguns casos de alguém em especial, mas sem prejuízo de outros.
Entretanto, a realidade vigente mostra que domina outra realidade: criminosos, torpes, desvios de recursos daquilo que se precisa para enfrentar sofrimentos e garantir a sobrevivência de seres humanos que dependem da saúde pública.
Poucos políticos, na realidade, podem ser citados como exemplos de defesa à altura da gravidade do problema.
Fogem desse assunto, que é uma praga nacional das mais graves, não existe questionamento. Sobram centenas de fanfarronices, propostas demagógicas, absurdas, enganosas, irrealizáveis, para ofuscar o vazio e a falta de atitudes corretas, socialmente evolutivas. Omissão também é pecado. Dante, no seu livro “Inferno”, não poupa os omissos e dispensa a eles, entre as penas, as piores.
Vive-se inerte para uma situação absurda, gravíssima, contumaz, a salvo de punições. Grande parte das preocupações converge acima das divergências partidárias para aumentar verbas públicas de atividades políticas e eleitorais.
Casos e denúncias de corrupção de regra não são apurados, as investigações demoram o tempo necessário para encontrar um pântano onde desaparecer. A indústria rentabilíssima da corrupção vale-se de recursos abundantes e adota as formas mais sofisticadas. Isso devasta o Orçamento público e tira da veia dele o que deveria salvar seres humanos. Mais hedionda que a corrupção na saúde pública não tem nada, isso está claro, entretanto não há debates, nem medidas especiais, nem punições exemplares.
O setor de saúde no Brasil é devastado por organizações que praticam assaltos, roubos, falcatruas indecentes, certas de não serem incriminadas.
Caberia um endurecimento das penas, além de delegacias especializadas e aparelhadas, ritos céleres de apuração, setores especializados do Ministério Público. Nada disso está sequer em discussão.
Deveria existir menos burocracia e mais comprovação de licitude. Mas especialmente bloqueio de bens e recuperação. Nos últimos dez anos, podem ter sido subtraídas centenas de bilhões, podem ter ocorrido sofrimentos e milhares de mortes inocentes. Qualquer denúncia deveria encontrar motivação de órgãos públicos na recuperação dos recursos desviados a cada ano.
É risível e macabro sustentar que é necessário aumentar impostos para garantir a saúde pública; o que deveria ser feito seria apurar e estancar as sangrias monumentais e generalizadas.
Na China, por muitos anos, os culpados desses atos eram barbaramente executados com um tiro na cabeça durante o intervalo de um jogo de futebol. Aqui não tem um sequer na cadeia.
Outra indústria da doença é provocada por uma alimentação imprópria, tóxica e que serve apenas para viciar e penalizar as crianças. Alguns desses tabus já são enfrentados mais abertamente, e quem quiser ter uma ideia corra para ver “Dieta de Gladiadores” e “What the Health”, na Netflix.
Nesse sentido, algumas coisas estão evoluindo, mas muito lentamente, pela omissão de regulamentação e pela ocultação, que encontram a convergência de vários setores econômicos beneficiados. Como já o foi o dos cigarros e continua a ser o das bebidas alcoólicas, mas muito mais quem arrebenta com a saúde e é defendido pela “ciência”, provavelmente aliciada.
Temos delegacias especializadas em tudo, mas, para reprimir esse assombroso e hediondo filão de bilhões de reais, que condena diretamente a sofrer ou a morrer milhões de pessoas indefesas, nada se faz. Lamentável, triste.