Vittorio Medioli

Vittorio Medioli

Empresário e político de origem italiana e naturalizado brasileiro, Vittorio Medioli é presidente do Grupo SADA, conglomerado que possui mais de 30 empresas que atuam em diversos segmentos da economia, como logística, indústria, comércio, geração de energia e biocombustíveis, além de silvicultura, esporte e terceiro setor. Estudou Direito e Filosofia pela Universidade de Milão. Em sua coluna aborda temas diversos como economia, política, meio ambiente, filosofia e assuntos gerais.

Opinião

Por linhas tortas

Alguns fatos determinam o início de uma biografia sui generis

Por Vittorio Medioli
Publicado em 19 de fevereiro de 2023 | 07:19
 
 

É comum na vida de grandes figuras encontrar fatos, aparentemente traumáticos e dolorosos, que determinaram o início de uma trajetória sui generis. Os próprios depoimentos dessas pessoas reconhecem que uma “desgraça” as encaminhou para novo caminho, obrigou-as a encontrar forças desconhecidas, a vasculhar no fundo do seu íntimo as capacidades adormecidas. O ditado “per aspera ad astra” revela o alto preço do combustível que abasteceu trajetórias extraordinárias.

Lendo a biografia de uma personalidade inspiradora, pouco conhecida no Ocidente, se se depara: A reprovação nos exames o eliminou de uma carreira sonhada por ele e sua família. Se tivesse sido alcançada, entretanto, sua meta e objetivo espiritual se teriam realizado apenas numa ambição intelectual ou acadêmica. Essa espécie de fracasso é frequentemente encontrada na biografia das pessoas incomuns. É um “acidente” que tenta impedir que o indivíduo venha a se desenvolver conforme as normas coletivas estabelecidas. Para ele, atingido, após examinar a falha, havia somente um caminho a seguir: o seu próprio, e não aquele traçado pelas conveniências comuns.

O fracasso determina uma bifurcação, uma revelação fatídica, de modo que a mudança de rota determina um inesperado caminho. 

O chamado para uma nova vida ficou anunciado. Dele se desencadearam outras decisões e ações nunca então cogitadas, consideradas inoportunas. Ocorreu um desembaraço de obrigações, a derrota despertou capacidades desconhecidas, reações incomuns para encaminhar rumo ao “extraordinário”. A consciência pessoal, confrontada com a humilhação, deixou mais atento, mais resistente, mais corajoso.

Conheço uma pessoa que, se não tivesse sido surpreendentemente reprovada, teria continuado a viver na sombra da família conservadora e provavelmente já teria sucumbido às piores desgraças.

A derrota que o sacudiu e desorientou o fez mais crítico, reativo, inconformado. Ela o fez levantar os olhos para o horizonte, até encontrar novos objetivos, distante do ninho onde nasceu e teve amparo.

Como o próprio sujeito da biografia (Gopi Krishna) redimensionou os conceitos de família, de conveniência, de vida comum e partiu para encontrar sua missão e evolução.

A ciência não explica com fórmulas matemáticas esses fenômenos que contrariam a lógica. Teria que mergulhar no lado espiritual, que tanto incomoda e contraria o pensamento dos pais e de tudo aquilo que é ensinado aos jovens.

Contudo, a realidade que impera no mundo alcança por linhas tortas metas surpreendentes.