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Comitiva do Acre visita Apac Betim

Objetivo foi conhecer modelo alternativo de presídio para implantá-lo no Estado

Por Lisley Alvarenga
Publicado em 26 de fevereiro de 2024 | 17:12
 
 
Índice de reincidência é nas Apacs de 13,9%, enquanto que o do sistema convencional é de 85%

Uma comitiva, formada por autoridades dos poderes Executivo e Judiciário do Acre, além do prefeito de Betim, Vittorio Medioli (sem partido), visitou, na manhã desta segunda-feira (26), a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) masculina de Betim, em funcionamento no Distrito Industrial Bandeirinhas desde 2017. O objetivo foi conhecer in loco o modelo alternativo de presídio do município, que é referência em todo o país, para ele ser implantado futuramente no Estado no noroeste do Brasil. 

Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, o coronel José Américo de Souza Gaia, lembrou que o sistema prisional do Brasil está em crise, o que inclui o Estado do Acre. Segundo ele, o Estado também sofre com a superlotação de presídios e com problemas para ressocializar detentos. O gestor representou o governador do Acre, Gladson Cameli, que participou de uma reunião pela manhã por causa das enchentes causadas por rios e igarapés no Estado. 

"A Apac, que estudamos e viemos conhecer in loco, é uma alternativa de sucesso que nos foi apresentada para que não tenhamos reincidência no sistema prisional. Nesta visita, podemos conhecer na integralidade tudo o que é feito na unidade de Betim e percebemos que a estutura oferecida aqui está muito favorável a não reincidência e a reabilitação do recuperando. A melhor forma para ressocializar é oferecer saúde, educação e trabalho. E a Apac reúne todas essa metodologia aos recuperandos. É uma metodologia que devemos investir e, se tivermos condições, implementar também no Acre", disse o secretário de Segurança Pública. 

O prefeito Medioli elogiou o trabalho desenvolvido na Apac Betim que, conforme o gestor, se transformou em um grande bem para a sociedade, uma vez que está recuperando pessoas que poderiam ter retornado para a criminalidade, mas que agoraa vão voltar para a sociedade como pessoas íntegras. "A fama desta Apac já chegou até o Acre. Espero que iniciativas como esta se multipliquem, porque precisamos fazer mais para recuperar as pessoas e colocá-las no nosso convívio", disse. 

Modelo de ressocialização

A Apac surgiu na década de 1970 com uma proposta diferenciada do sistema prisional convencional. Para reintegrar os detentos e diminuir a reincidência deles no crime, oferece um ambiente humanizado, com atividades para que o condenado possa se recuperar.

No Brasil, existem 69 Apacs em funcionamento, sendo 49 somente no Estado de Minas Gerais. O índice de reincidência é de 13,9%, enquanto que o do sistema convencional é de 85%. Já o custo percapta nessas unidades de ressocialização é de R$ 1.570, enquanto que o de um presídio comum chega a R$ 4.500. 

Inaugurada em 31 de março de 2022, a Apac Betim tem capacidade para 200 recuperandos, em regime semiaberto ou fechado, que podem trabalhar na própria unidade ou prestar serviços fora. Aqueles em regime fechado podem estudar e executar trabalhos manuais, por meio da marcenaria, do crochê e do artesanato.