Jésus Lima acusa Maurinho Resende de ladrão e dispara contra o PT

A Comissão Executiva do PT de Betim suspendeu, na quarta (26), os direitos políticos internos do ex-prefeito Jésus Lima “por desrespeito ao Estatuto do Partido dos Trabalhadores”. Em entrevista à rádio FM O TEMPO 91,7, ele comentou a decisão e voltou a fazer graves acusações ao partido, bem como ao grupo que, segundo ele, está por trás do pré-candidato Vinícius Resende (PV). 

O senhor teve os direitos políticos internos suspensos pelo PT de Betim. Como avalia essa decisão? Já esperava por isso? 

Imaginava, mas não achava que eles fossem tão loucos. Acho que é uma loucura o que a Gleide [Andradre] (tesoureira do PT) e a Maria do Carmo (ex-prefeita de Betim e atual diretora dos Correios) estão fazendo simplesmente porque falei com o presidente (Lula) e com esse grupo que o PT de Betim resolveu apoiar um candidato que não tem nada a ver com a história do partido. Um cara que é bolsonarista, de uma família, que, inclusive, sempre pediu o impeachment da ex-prefeita, que votou contra as contas, o mais ferrenho opositor do PT na cidade. 

O senhor está falando do doutor Vinícius?

É. O Vinícius, que, na minha avaliação, é um menino, coitado. É como se fosse um piloto automático, só faz o que o pai manda, não dá um pio sem consultar o pai. Como é que você traz esse grupo político, que, inclusive, foi o que praticamente planejou o atentado? 

O atentado em que o senhor levou cinco tiros numa escola?

Isso. O mandante foi o José do Nascimento Elias, e ele é o mentor desse grupo. É amicíssimo do Maurinho Resende (ex-vereador, pai de Vinícius Resende), a pessoa que mais seria beneficiada com o atentado. Ele era o presidente da Câmara, louco pra me derrubar quando eu era prefeito. Abriu CPI e Comissão Processante para me tirar do poder. Ou seja, esse é o grupo que sempre tentou tirar o PT do poder, e, agora, o PT vai lá… Que incoerência é essa? E quem tá puxando isso? Gleide Andrade e Maria do Carmo. Tem que dar nome aos bois. Entendeu? Então, são essas duas pessoas que estão fazendo isso com a história do PT. Como é que se joga tudo por terra e dá para os nossos algozes? Isso é incoerência. Eu falei isso, e estou sendo suspenso. Elas é que deveriam ser suspensas do partido porque estão traindo o povo de Betim, o Lula, a história do PT. Como essas duas têm coragem de me expulsar do partido? Na realidade, estão preparando a minha expulsão. Eu não estou nem aí pra isso. Vou continuar petista, lulista, de esquerda, acreditando naquilo em que acredito, na minha formação. O que eu fiz de errado? Vocês não sabem falar. 

O senhor esteve com alguém quando essa decisão foi tomada? Quem te procurou para informar? 

Ninguém procurou, foi tudo sumariamente, tudo assim, AI-5, Ato Institucional nº 5. Não me escutaram. Inclusive, o procedimento que eles estão fazendo está equivocado. Para você abrir um processo de comissão de ética dentro de um partido, tem que criar uma comissão. A comissão tem que ver a denúncia, analisar e levar para a comissão executiva. Eles estão atropelando tudo. Sabe por quê? Porque eu vim dar essa entrevista, e eles não queriam que eu viesse. Ou seja, eles agem, principalmente a Maria do Carmo, como se fossem os donos do partido. Ela acha que simplesmente pode me tolher daquilo que eu penso, da minha liberdade de expressão. 

Por que ela não tentou ser pré-candidata a prefeita de Betim então?

Nós fizemos um grande encontro, e foi decidido que o PT teria candidatura própria, e seria entre Maria do Carmo e Jésus Lima. Eu falei pra ela: ‘Se você for a candidata, vou te apoiar. Quero que o PT retome a Prefeitura de Betim’. Aí, no andar da carruagem, ela tirou o nome dela porque está nos Correios, atualmente, como diretora. Não quis deixar o cargo. A direção do partido anunciou para todo mundo, soltou uma nota: ‘No dia 24 de outubro de 2023, nesta plenária, decidiu o diretório municipal por candidatura própria, e o nome é o do ex-prefeito’. Soltaram isso para a cidade toda, e eu saí fazendo campanha. De repente, deram um cavalo de pau – as duas, Gleide e Maria do Carmo – articularam em nível de direção nacional e desrespeitaram toda a autonomia municipal. Agora, vêm com essa arbitrariedade. Não sei o que elas estão querendo.

Em que momento o senhor passou a não ser uma figura querida pela Maria do Carmo e pela Gleide?

Eles achavam que eu não ia crescer nas pesquisas. Quando viram que ninguém segura o Jésus, que o Jésus é bom de serviço e ia ganhar a prefeitura pelo Partido dos Trabalhadores, elas disseram: ‘Não, nós não podemos deixar esse menino crescer’. Eu fui prefeito da cidade em 1997 e em 2000. Quando eu tinha direito à reeleição, ela [Maria do Carmo] interveio: ‘Não vai ser’. Aí, colocou o nome dela e perdeu.

O senhor diz que essa decisão do diretório municipal é arbitrária. O senhor pretende tomar alguma decisão judicial ou recorrer? 

Vou recorrer de todas as formas. Vou levar até as últimas consequências porque isso é uma arbitrariedade. A ditadura já passou. Tudo que as duas [Gleide e Maria do Carmo] falam do Bolsonaro estão praticando dentro do PT de Betim.

O senhor faz uma denúncia de que o Maurinho Rezende teria participado e seria o maior beneficiado pelo atentado. Não tem medo de falar isso?

Sim, mas não me recuso a falar. O atentado foi feito, mas não foi consumado. A grande derrota do José do Nascimento Elias, dos mandantes e do pistoleiro foi eu ter sobrevivido. As informações que eu tenho são que o pistoleiro está vivo ainda. Então, eu tenho receio disso. Estou buscando me proteger. Mas dessas pessoas eu não tenho medo. Por quê? Quem é Maurinho Resende? O cara roubou meio milhão de reais em selos, fraudou a Câmara Municipal, roubou, construiu um prédio. Depois, o que ele fez? Pegou o prédio, colocou tudo em nome de laranjas. Não pagou essa dívida. Agora, tem que emplacar o filho como candidato a prefeito. Essa é a realidade: ele, Maurinho Resende, diretamente, não foi acusado de participar como mandante, mas era amicíssimo, carne e unha do mandante, o Elias. Ele não participava de nada na Câmara. Inclusive, quem colocou Maurinho Resende como presidente da Câmara foi o José do Nascimento Elias. Betim não merece isso. Betim, hoje, era para ser uma cidade bacana, uma São Bernardo do Campo, uma São Caetano. Nós pensamos Betim, para você ter uma ideia, 20 anos pra frente. Fiz o Riacho das Areias, aquela obra que, na época, o povo muitas vezes me bateu. Coloquei dois hospitais para funcionar: o Hospital da Colônia e o Hospital Regional. 

O senhor pretende pedir alguma medida protetiva contra essas pessoas?
 
Por enquanto, não. Acho que a gente tem que ir sondando, escutando. Fiquei muito tempo andando em carro blindado. É muito ruim. Perde-se o contato com o povo. 

Quando foi a última vez que o senhor conversou com a Maria do Carmo?

Foi nesse encontro do dia 24 de outubro [de 2023]. Bacana, legal. O problema é que ela faz tudo por trás. Na sua frente, te trata de um jeito, mas, por trás, é só ela e a Gleide. Acho que essas duas pessoas estão fazendo um estrago na história bonita que tem o PT em Betim, no legado do Lula. Estou bem nas pesquisas, em primeiro lugar. De repente, agora tem que se trazer uma pessoa que não tem nada a ver com o PT, só para não deixar o Jésus continuar construindo a história, que não é minha, é do PT. Essa briga não vai levar a lugar nenhum. O PT, hoje, está bem dividido. A federação não existe. Está o PCdoB de um lado, e, do outro, o PV, que não é partido, não consegue fazer nem chapa de vereador.

Se o presidente Lula te pedisse para compor uma chapa com o PV, com Vinícius, o senhor aceitaria?

Isso é uma discussão que tem que ser feita com o presidente Lula. Inclusive, eu estive lá, e as informações que tenho vão chegar até ele. Jésus Lima, que foi prefeito de Betim, que até então era o pré-candidato pelo PT. Continuo sendo, viu? A gente pode dizer que continuo pré-candidato. A decisão de quem vai ser candidato a prefeito vai ocorrer no dia 15 de julho. Tudo pode acontecer. Então, eu continuo pré-candidato.