O número de candidatos registrados para concorrer nas eleições municipais de 2024 em Betim caiu 41,8% em relação a 2020, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A queda é a primeira desde 2004. São 342 candidaturas a uma vaga ao Legislativo municipal contra 588 no último pleito, em 2020. Com esse cenário atual, a média é de 14,8 candidatos disputando as 23 vagas da Câmara de Vereador e a preferência dos 297.069 eleitores aptos a votar na cidade nestas eleições.
De acordo com especialistas políticos, uma das razões para essa baixa no número de candidaturas à Câmara estaria relacionada à estreia das federações partidárias, que funcionam como uma única agremiação, lançando somente uma chapa, tanto para prefeito como para vereador.
O Brasil possui três federações: Federação Brasil da Esperança, que conta com PT, PV e PCdoB; Federação PSDB/Cidadania; e Federação PSOL/Rede. Em 2020, cada um desses sete partidos lançou uma chapa de vereador com até 42 nomes. “Há um número menor (de candidatos a vereador) que o de 2020, mesmo ‘desagregando’ as federações. O que pode ter acontecido é que 2020 foi o teto, e esse número encontrado nada mais seria do que oscilação”, ponderou o professor de ciência política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Ranulfo.
Segundo o advogado e especialista em direito público Lucas Neves, essa queda se deve também à mudança nas regras da Lei nº 14.211, de 2021, que trata de alterações nas eleições proporcionais. “Até 2021, a lei estabelecia um teto de 150% do número das vagas. Agora, são 100% das vagas a serem preenchidas na Câmara Municipal mais um. Ou seja, em Betim, por exemplo, com 23 cadeiras em disputa, em vez de 35 candidaturas por partido ou federação, poderão ser lançadas agora 24 (23 mais um) candidaturas”, esclareceu Neves.
Candidaturas com vantagens
Professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de Uberlândia, Moacir de Freitas Junior avaliou que, embora tenha tido a queda do número de candidaturas, a concorrência ainda é alta. Para o especialista, os 21 candidatos que tentam a reeleição entram na disputa com vantagens, por já terem uma base social montada e organizada a partir dos seus mandatos. “Se o candidato já tem uma base construída, um trabalho social mais consolidado, como pode ser o caso dos vereadores já eleitos, eles têm para quem pedir votos, e isso ajuda demais. O que faz o eleitor se definir por um e não por outro é a relação de confiança, que precisa ser construída”, diz.
Dos 342 candidatos que disputam as 23 vagas na Câmara, 282 (82,4%) estão em partidos que fazem parte da ampla frente de sustentação da candidatura de Heron Guimarães (União Brasil) e Cleusa Lara (PL) à prefeitura. A chapa é pertencente à Coligação Betim do Bem, formada por 18 partidos, um recorde na história política do município. As siglas que compõem a coligação são: UB, PL, a federação Cidadania/PSDB, PP, Solidariedade, PSB, PDT, Democracia Cristã, Avante, Republicanos, MDB, PSD, PRTB, PMB, Podemos, Agir e Novo.
Outros 39 (11,4%) postulantes ao Legislativo se filiaram a legendas que caminham com a coligação Para Fazer Betim Funcionar, dos candidatos Vinícius Resende e Professora Ana Paula. A chapa é sustentada pelas federações Brasil da Esperança – composta por PT, PV e PCdoB – e PSOL/Rede.
Já 21 (6,1%) candidaturas são do Mobiliza e apoiam Pedro Betinense e seu vice, Bira, ambos nomes que concorrem ao Executivo municipal pela legenda.
Avante, DC, MDB, PL, PP, PSB, Solidariedade e Federação Cidadania/PSDB, ou seja, nove dos 18 partidos que compõem a base de apoio da candidatura de Heron Guimarães (União Brasil) e Cleusa Lara (PL) à prefeitura, lideram o número de candidatos a vereador. Cada sigla (o que inclui a federação) registrou 24 postulantes.
Logo em seguida, vêm Republicanos e Mobiliza, com 21 candidaturas em cada partido, seguidos pelo Novo, com 19 postulantes na corrida; e pelo União Brasil, com 15 nomes registrados no TSE.
O número de candidatos ao Executivo municipal também apresentou queda nas eleições 2024. Neste pleito, são oito nomes da disputa, ou seja, 50% candidaturas a menos do que em 2020, quando foram registradas oito candidatos, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).