ACORDO HISTÓRICO

Dívida com Andrade Gutierrez é zerada pela gestão de Vittorio

Prefeitura quitou em dezembro última parcela das 12 firmadas em acordo com a empreiteira; valor caiu de R$ 800 milhões para R$ 200 milhões

Publicado em 03 de janeiro de 2025 | 09:00

 
 
Redução de dívida foi homologada na sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em janeiro de 2024 Redução de dívida foi homologada na sede do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em janeiro de 2024 Foto: Edson Dutra/Prefeitura de Betim

No último ano de seu segundo mandato, o então prefeito de Betim Vittorio Medioli (sem partido) encerrou uma dívida de quase meio século. Em dezembro de 2024, a prefeitura pagou a última parcela referente a obras de 1979, quando a Andrade Gutierrez foi contratada para executar o serviço. 

Ocorre que, por 25 anos, a empreiteira cobrava na Justiça um valor muito superior ao devido, de R$ 800 milhões. No entanto, assim que assumiu, em 2017, Vittorio Medioli deu início a uma batalha para comprovar a cobrança indevida, e o município conseguiu reduzir o débito para o valor de R$ 200 milhões.

O desconto de 75% foi o maior deságio já alcançado por um município na história do Estado. O acordo foi homologado no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em janeiro de 2024. Imediatamente, a prefeitura pagou uma entrada de R$ 50 milhões. De lá para cá, foram 11 parcelas de R$ 9.090.000,09 e mais uma parcela intermediária de R$ 50 milhões, quitada no mês de junho. 

A negociação, intermediada pela Central de Conciliação de Precatórios do TJMG, ocorreu entre o município e o fundo de investimentos que adquiriu a dívida da empreiteira Andrade Gutierrez. 

Vittorio comemorou o consenso, que considerou uma vitória para a população: “Assinamos um termo que tira das contas de Betim a maior dívida já registrada no município. Era um precatório que se arrastava havia 25 anos sobre uma obra finalizada há 45. Portanto, encerrou-se um capítulo muito doloroso para nós, mas que praticamente quitou cerca de 30% da dívida total do município”, afirmou o ex-prefeito à reportagem.

Com a quitação, Betim praticamente zerou esse tipo de dívida. “Quando assumi a gestão, o município possuía R$ 2 bilhões de dívidas, referentes a precatórios e débitos previdenciários, que me comprometi a quitar. Foi um grande avanço para Betim, que entrou numa situação fiscal e tributária mais tranquila. Estou muito satisfeito e agradeço ao presidente do TJMG, aos desembargadores e a todos que participaram desse ato de verdadeira justiça”, encerrou o então prefeito.

Economia gerada

O acordo que reduziu em 75% o valor que a Prefeitura de Betim tinha que pagar para a Andrade Gutierrez garantiu uma economia de R$ 600 milhões ao município. Na avaliação do desembargador José Arthur de Carvalho Pereira Filho, que, na época da homologação, estava na presidência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), a redução do passivo se reverte em benefícios para a população.

“Esse passivo de R$ 800 milhões é o maior precatório de Minas Gerais, que foi quitado por R$ 200 milhões. Então, são R$ 600 milhões que vão deixar de sair dos cofres públicos e que serão reinvestidos em prol da comunidade. Dessa forma, a gente percebe que mediação e conciliação são instrumentos eficazes e que geram pacificação”, salientou o desembargador em entrevista concedida em janeiro de 2024, após a homologação do acordo.

Na avaliação do procurador geral de Betim, Joab Ribeiro Costa, todo o arcabouço legal e os recursos disponíveis para contestar a dívida foram empregados para vencer a batalha judicial, que se arrastava havia 25 anos.

“O município estava aguardando o julgamento de alguns recursos. Eram várias ações questionando esse precatório, alguns recursos no STJ (Superior Tribunal de Justiça), um no Supremo (Tribunal Federal e outro no TJMG”, detalhou. O caso, segundo ele, foi retomado com seis meses de negociação diretamente com o fundo de investimentos, quando as partes começaram a dialogar para ver se daria pra resolver de forma amigável.

“Tendo em vista o alto desconto para a quitação de forma parcelada e o fato de que o município dispunha de dotação orçamentária para isso, chegamos a esse dia histórico, que homologou o maior e mais antigo precatório pendente que o TJMG tinha”, concluiu o procurador-geral de Betim.