Jésus Lima, ex-prefeito de Betim e ex-deputado estadual
Foto: O TEMPO Betim
Jésus Lima, ex-prefeito de Betim e ex-deputado estadual
Foto: O TEMPO Betim
O ex-prefeito de Betim, Jésus Lima, recorreu à Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) para contestar a decisão de sua expulsão, mantida pela Executiva Estadual do PT em Minas Gerais. A medida foi solicitada pelo Diretório Municipal do PT em Betim, em dezembro 2024. Jésus foi acusado na época de descumprir o Estatuto e o Código de Ética e Disciplina da sigla. A decisão da estadual foi deliberada nessa terça-feira (9/12).
Jésus Lima, que é filiado ao PT há 44 anos e tem uma longa trajetória política, incluindo mandatos como vereador, vice-prefeito e deputado estadual, foi expulso após disputas internas no partido. O imbróglio começou durante o processo de escolha do candidato do PT à Prefeitura de Betim nas últimas eleições municipais.
O político alega que o diretório municipal havia aprovado sua candidatura, mas, segundo ele, essa decisão foi alterada por intervenções de lideranças do partido, em especial pela secretária nacional de Finanças e Planejamento do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleide Andrade, e a também ex-prefeita de Betim, Maria do Carmo Lara.
De acordo com Jésus Lima, essas intervenções resultaram na escolha de Vinícius Resende, candidato a prefeito de Betim pela Federação PT/PV/PCdoB – o postulante foi derrotado nas urnas por Heron Guimarães (União Brasil), eleito novo chefe do Executivo em Betim. No documento, Jésus Lima alega que a decisão pelo nome de Vinícius foi tomada de forma autoritária, sem respeitar a escolha democrática do diretório municipal.
No recurso à Executiva Nacional do PT, direcionado ao presidente nacional do PT, Edinho Silva, Jésus Lima argumenta que foi alvo de uma "intervenção antidemocrática" e que seu direito de se manifestar publicamente sobre questões políticas foi desrespeitado.
Em sua argumentação, Jésus Lima também solicita que Edinho Silva reveja a decisão pela expulsão, alegando que ela é "absurda" e contrária aos princípios democráticos que, segundo ele, devem prevalecer dentro do partido.
“Minha luta sempre foi pela democracia interna do PT. E essa luta vai continuar. É uma pena o que estão fazendo com uma história tão bonita. Me sinto muito triste por pessoas egocêntricas, temporariamente no comando do PT, ignorarem toda uma construção de mais de 40 anos. Mas continuarei petista, independente de filiação. Eles podem até querer tirar o PT de mim, mas o PT não sai de mim. Espero que a alma magna do que é ''ser PT' prevaleça", frisa Jésus Lima.
Conforme relatório sobre o processo administrativo disciplinar referente ao caso, a Executiva estadual do PT considerou que Jésus Lima, político que comandou Betim entre 1997 e 2000, tentou enfraquecer a imagem pública do partido, já que teria efetuado ataques, exposto e desgastado a sigla perante a sociedade em plataformas digitais de amplo alcance.
Na decisão, a comissão estadual declarou também que Jésus Lima teria fornecido material para adversários políticos ao conceder entrevistas a veículos oposicionistas e acusar publicamente o PT de ser “golpista” e de abrigar “gangue”, fornecendo assim “munição aos adversários do partido”.
No documento, a comissão afirmou ainda que Jésus Lima criou um ambiente hostil para a militância feminina da sigla, uma vez que teria realizado “ataques misóginos contra dirigentes mulheres, que criam ambiente de intimidação que desestimula a participação feminina na vida partidária, contrariando princípios fundamentais do PT relativos à igualdade de gênero”.
Em nota, a Executiva do PT Minas informa que, ao analisar o recurso de Jésus Lima, "ficou evidente que não houve elementos que comprovem ausência de contraditório ou cerceamento da defesa, tão pouco evidenciado elementos que desabonassem a decisão do diretório municipal". "De tal forma, a Comissão Executiva Estadual do PT de MG decidiu, por maioria, referendar a decisão do Diretório Municipal de Betim, mantendo a penalidade aplicada" a Jésus Lima.