AUDIÊNCIA PÚBLICA

Autoridades municipais e estaduais defendem modelo de escola cívico-militar em Betim

Debate foi proposto pelo vereador Rony Martins (Republicanos); Sind-UTE Betim é contrário

Por O TEMPO

Publicado em 15 de abril de 2025 | 22:04

 
 
Implantação de uma escola cívico-militar na rede pública de ensino de Betim, foi avaliada de forma positiva. Implantação de uma escola cívico-militar na rede pública de ensino de Betim, foi avaliada de forma positiva. Foto: Reprodução de vídeo

Autoridades que participaram de uma audiência pública, nessa segunda (14), na Câmara Municipal, para discutir a viabilidade da implantação de uma escola cívico-militar na rede pública de ensino de Betim, avaliam o modelo de forma positiva. Além de secretários municipais e vereadores, participaram do debate o deputado estadual Coronel Henrique (PL), que preside a Frente Parlamentar em Defesa das Escolas Cívico-Militares na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), e o presidente da Associação Brasileira de Educação Cívico-Militar (Abemil), Capitão Davi. Contrários à proposta, representantes do Sindicato Único dos Trabalhadores de Betim (Sind-UTE Betim) também estiveram presentes. 

O vereador Rony Martins, pediu a realização da audiência, lembrou que, em 2021, ainda durante seu primeiro mandato no Legislativo, apresentou um projeto sugerindo a implantação da escola cívico-militar na cidade. Ele avalia que a oferta de disciplinas como moral, cívica e segurança, comuns nesse tipo de modelo de educação, não só pode contribuir com a formação cidadã dos estudantes como melhorar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). “A implementação desse modelo pode ainda melhorar a autoestima dos alunos, bem como estimular o desenvolvimento de liderança e responsabilidade”, afirmou o parlamentar. 

Representando o Executivo municipal, a secretária da Educação, Marilene Pimenta,  destacou que “a proposta da escola cívico-militar faz parte do programa de governo do prefeito Heron Guimarães e que a implantação desse modelo vem sendo estudada pela atual administração municipal”.  

Para o presidente da Frente Parlamentar em Defesa das Escolas Cívico-Militares na ALMG, o deputado Coronel Henrique Coelho, o modelo de escola cívico-militar é capaz de transformar a vida das crianças em situação de vulnerabilidade. “Fui aluno e professor de escola militar e hoje, como deputado, sigo apoiando essas iniciativas”, disse o parlamentar, que ofereceu total apoio à implantação do programa em Betim. 

Experiências 

Já o presidente da Abemil, Capitão Davi, apresentou experiências positivas já implantadas em outras cidades. Ele explicou que a adesão ao sistema é totalmente voluntária e que alunos que não se adaptam ao formato podem ser remanejados para outras unidades da rede. “ Esse modelo de gestão  projeto cívico-militar, só vai fortalecer ainda mais a nossa democracia", enfatizou. 

O secretário adjunto de Segurança Pública de Betim, Anderson Reis, também defendeu a proposta e citou dados do Ministério da Educação que apontam queda nos índices de violência dentro das escolas que têm educação cívico-militar. “Números como redução de 82% nos casos de violência física e de 75% nos de violência verbal dentro dessas escolas falam por si só. É uma proposta que pode agregar valores cívicos e disciplinares muito importantes para a formação dos nossos jovens”, concluiu.
Já na visão da professora e neurocientista, a doutora Ângela Mathilde a proposta é muito motivadora. “Temos que trabalhar as raízes básicas e morais para que o cérebro tenha esse funcionamento. Quando esse modelo é implantado nas escolas, ele favorece o desenvolvimento desses princípios, o que impacta diretamente na educação e na aprendizagem, e é exatamente disso que estamos precisando”, destacou.

Posição contrária

Diretor do Sind-UTE Betim, o professor José Luiz se posicionou contrário à proposta. Para ele, não há espaço nem tempo para qualquer tipo de doutrinação dentro da sala de aula. “O que vemos, na verdade, é uma inversão de valores. Antes de qualquer mudança, é preciso fazer com que as políticas públicas existentes funcionem”, afirmou.

Ele defende que o debate educacional se volte para o planejamento de políticas públicas de longo prazo. “Precisamos de mais arte, música e cidadania nas escolas - uma educação que forme não apenas pela mente, mas também pelo coração”, concluiu.