Audiência pública propõe descentralização do Craei

A descentralização do Centro de Referência e Apoio à Educação Inclusiva (Craei), que funciona no bairro Arquipélago Verde, foi um dos pontos debatidos durante uma audiência pública sobre inclusão de pessoas com deficiência (PCDs) realizada na Câmara Municipal na noite dessa segunda-feira (25/8). Com o plenário lotado, durante cerca de quatro horas, vereadores, representantes das secretarias municipais da Educação (Semed), da Assistência Social (Semas) e da Saúde, bem como da Superintendência de Trabalho, Emprego e Renda (Seter) e da sociedade apresentaram dados e demandas pertinentes ao tema.

O debate foi promovido em referência à Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, celebrada de 21 a 28 de agosto. Segundo o presidente da Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência (Caapd), Marcel Medeiros, 10% da população betinense tem algum tipo de deficiência, mas, mesmo assim, muita gente ainda desconhece a existência da Caapd, criada em 1994. 

A titular da Semed, Marilene Pimenta, destacou números relacionados à educação municipal. De acordo com a secretária, Betim tem 62.200 alunos na rede pública, sendo 2.851 deles deficientes: 2.044 no ensino fundamental, 794 na educação infantil e 13 na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Dentro da Educação, funciona o Craei, sob a coordenadoria de Veridiana Souza, que ressaltou que, atualmente, a média do município é de um autista a cada 36 habitantes.

Entre os encaminhamentos listados pelo vereador Gilberto Vianópolis (Cidadania), autor do requerimento da audiência e deficiente físico, e pelo presidente da Casa, Leo Contador (Cidadania), estão, além da criação de novos Craeis, melhorias no sistema de transmissão dos intérpretes de Libras na sede do Legislativo; o aumento do número de intérpretes nas escolas e nos espaços públicos do município; e a possibilidade de se realizar uma audiência pública inteiramente dedicada à oferta de vagas de emprego para pessoas com deficiência (PCDs).

"Eu sou filho de trabalhador rural, tomava conta de carvoaria e morei numa casa de pau-a-pique até os meus 9 anos de idade. Tomei um choque elétrico de 345 mil volts, perdi um braço e uma perna. Fui criado em um orfanato, no Instituto Ramacrisna, junto a cerca de cem crianças, longe dos meus pais, e consegui superar tudo isso. 'Coitadinho do Gilberto, falta um braço, falta uma perna'. Isso não enche as latas lá em casa não. Eu é que tenho que acreditar. Se eu acredito, eu posso", afirmou Gilberto Vianópolis ao encerrar a audiência.