Investigações

Cervejas da Backer podem ser entregues na Vigilância Sanitária de Betim

Toda a linha de produção pode ter sido contaminada com substâncias tóxicas

Publicado em 16 de janeiro de 2020 | 22:17

 
 
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A Vigilância Sanitária de Betim começou a receber, nesta semana, as garrafas da cervejaria mineira Backer que, conforme apontou novo laudo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), teve ao menos 21 lotes de oito rótulos da marca em contato com monoetilenoglicol e dietilenoglicol – substâncias químicas altamente tóxicas para o ser humano. Até agora, quatro mortes ligadas à ingestão de dietilenoglicol em Minas foram confirmadas.

De acordo com a Vigilância municipal, os betinenses que quiserem podem entregar no órgão qualquer um dos rótulos da Backer de qualquer lote, que tenha sido comprada para consumo próprio. Para isso, basta ir até o órgão, que fica na sede da prefeitura, na rua Pará de Minas, 640, no bairro Brasileia. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h30. 

“A Vigilância Epidemiológica vai lavrar um Termo de Interdição Cautelar e deixar a cerveja sob custódia para encaminhamento das investigações necessárias. Não receberemos cervejas de bares, restaurantes e supermercados”, explicou o diretor de Vigilância em Saúde, Nilvan Baeta. “Mas as cervejas sob custódia da Vigilância não servirão de base para qualquer recurso que a pessoa queira ter de indenização. Neste caso, elas devem ser levadas ao Procon”, completou o diretor. 

As equipes da Secretaria Municipal de Saúde também estão atentas a qualquer caso suspeito de intoxicação por causa da bebida e da síndrome nefroneural. “Se houver algum caso suspeito em Betim, a orientação é fazer a notificação imediata ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais”, esclareceu o secretário de Saúde de Betim, Guilherme Carvalho. 

Casos em Betim

Um dia após tomar a cerveja Belorizontina, no Natal, o empresário Atílio Pereira, 34, seu pai, Antônio Pereira, 64, e irmão, Bruno Pereira, 30, relataram ter passado mal. De acordo com eles, a cerveja consumida por eles foi comprada no Buritis, em Belo Horizonte, e faz parte do lote L1 1348 com 33 mil unidades, que apresentou, em algumas amostras, a presença de dietilenoglicol.

“Até hoje estou me sentindo mal, com muita tosse e quadro de sinusite. Mas tive enjoo, vomitei e senti muita dor na cabeça. Na primeira vez que fui ao médico, desconfiaram que era dengue, mas fiz os exames e foi descartado. Como a alergia e a tosse não passaram, voltei ao hospital. Agora estou tomando antiinflamatório e antibiótico, mas ainda não resolveu. Meu pai e irmão também tiveram diarreia, e o Bruno chegou a ser internado após ter dormência no rosto, pressão alta e dor de cabeça. Os nossos exames não apresentaram alterações, mas estamos atentos”, contou Atílio Pereira. 

Apesar de não ter como confirmar que os sintomas estão relacionados à cerveja, Atílio afirmou que vai levar os frascos para serem analisados. “Depois que as notícias da contaminação se espalharam, nós fomos verificar as duas garrafas que sobraram do Natal e confirmamos que faz parte do lote L1 1348. Por isso, acredito que passamos mal por causa dela”, finalizou o empresário. 

Suposta adulteração

A Backer apresentou à Justiça um vídeo que comprovaria uma suposta adulteração do monoetilenoglicol comprado por ela. A alteração do produto teria ocorrido na empresa que fornece o composto para a cervejaria. Ao apresentar as imagens, a cervejaria teria como objetivo derrubar a interdição da fábrica, imposta por questão de segurança pelo Ministério da Agricultura. A Justiça determinou que sejam retiradas do mercado apenas as cervejas dos lotes comprovadamente contaminados. 

Indenização

Consumidores que adquiriram e consumiram a cerveja dos lotes em que há comprovação de contaminação por dietilenoglicol e monoetilenoglicol têm direito à indenização por parte da Backer, mesmo que não tenham apresentado sintomas da síndrome nefroneural.

Quem se sentir lesado e quiser orientações sobre como agir, pode procurar o Procon de Betim, que fica no Monte Carmo, de segunda a sexta, das 9h30 às 16h.