Chovia forte na última sexta-feira (24), quando a auxiliar de serviços gerais, Angélica de Jesus, 32, que estava em casa com a família, no Teresópolis, começou a ouvir gritos e ver pessoas correndo pela vizinhança. Sem entender muito bem o que estava acontecendo, ela foi avisada pela irmã que o barranco da casa de uma vizinha havia cedido e que precisavam sair da residência imediatamente. “Estava muito escuro e ficamos com medo que descesse mais terra. Saímos correndo só com a roupa do corpo mesmo, nem documentos deu tempo de pegar”, contou Angélica.
Assim como ela, outras 548 pessoas estão desabrigadas e desalojadas em decorrência das chuvas que atingiram a cidade nos últimos dias. Foi no Frei Estanislau, um dos cinco pontos de acolhimento montados pela prefeitura, que Angélica encontrou um lugar para descansar, tomar banho, se alimentar e tomar fôlego para recomeçar a vida. “A Defesa Civil nos orientou a não retornar para casa, porque corre o risco de desabar a qualquer momento. Meu coração fica pequeno sem meu cantinho, longe das minhas coisas, mas não posso perder a cabeça. A vida é o que temos de mais importante e Deus nos dará forças para recomeçarmos”, afirmou.
A vizinha de Angélica, a aposentada Ermelinda Cândida da Silva, 75, estava dormindo, quando os amigos bateram na porta para ajudá-la a sair do imóvel às pressas. Ela também precisou buscar abrigo no centro de apoio. “Morava ali há 30 anos e nunca vi nada parecido com o que aconteceu. Minha casa continua de pé, pendurada em uma única viga, e eu creio que não irá cair, mas a Defesa Civil disse que o risco é grande. Estamos muito bem acolhidos, estou feliz em ver as pessoas trazendo doações, nos abraçando e dando palavras de apoio”, contou.
Betim já registra 548 pessoas desabrigadas
De acordo com o boletim emitido pela Secretaria Adjunta de Segurança Pública de Betim, no fim da tarde desta quinta-feira (30), o número de pessoas desabrigadas no município já chega a 548. Dessas, 402 foram acolhidas em casas de amigos e familiares. Outras 146 estão nos pontos de apoio da prefeitura, montados em cinco Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e no Frei Estanislau para abrigar as famílias que tiveram suas casas atingidas por desmoronamentos ou interditadas pela Defesa Civil. Cerca de 30 pessoas estão no Frei Estanislau, 83 no CRAS do Teresópolis, 11 no Alto Boa Vista, na região do Citrolândia, seis no Jardim Alterosa e 16 no São João.