Novidade

Betim vai ganhar unidade para ressocializar detentos

Apac será construída no Distrito Industrial Bandeirinhas e ficará pronta em sete meses

Publicado em 05 de março de 2020 | 21:57

 
 
normal

Em um cenário nacional de presídios superlotados, com estrutura precária e frequentes rebeliões e motins, Betim deu nesta semana um importante passo para humanizar e melhorar as condições de vida dos encarcerados, reduzindo, assim, ainda mais os índices de criminalidade na cidade. 

Foi lançada, na última quarta-feira (4), a primeira Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) do município, uma unidade de reintegração social de detentos, que funcionará no Distrito Industrial Bandeirinhas, fora da área urbana do bairro. A solenidade que marca o início das obras, previstas para serem concluídas em sete meses, ocorreu no auditório da Prefeitura de Betim, e contou com a presença de autoridades, como o prefeito Vittorio Medioli, e a presidente da instituição, Marilene Durães. A construção será 100% custeada por meio de contrapartida privada. 

“Nós alimentamos a criminalidade com o sistema prisional comum. Já a Apac desfaz essa roda perversa do crime. Hoje, normalmente, quando sai do sistema prisional, a maioria dos detentos volta ao crime e 86% retorna ao próprio sistema prisional por delitos ainda mais graves do que aqueles cometidos pela primeira vez. Ao atuar em um ambiente humanizado, a Apac recupera o detento, alfabetizando-o e dando a ele condições de se reinserir na sociedade”, explicou o prefeito .

Segundo Medioli, hoje, o sistema prisional gasta, em média, R$ 3.000 por mês para custear cada detento, enquanto que, na Apac, esse custo mensal é de R$ 900. “Além de diminuir o custo do preso para a sociedade, a Apac ainda gera renda, pois o detento pode trabalhar e ter um ganho para sustentar sua família. Se todo o país adotasse a Apac, economizaria R$ 30 bilhões por ano”, completou. 

A Apac surgiu na década de 1970 com uma proposta diferenciada do sistema prisional convencional. Para reintegrar os detentos e diminuir a reincidência deles no crime, oferece um ambiente humanizado, com atividades para que o condenado possa se recuperar.

Em Betim, os 180 recuperandos que poderão ser acolhidos na unidade, construída em uma área de 3.500 m², além de uma estrutura para permitir a sua ressocialização, contarão com padaria, barbearia e outros espaços para poderem trabalhar.

“A associação foi registrada juridicamente em 2008, e teve, desde então, que lutar para que o município compreendesse a sua importância. Primeiro, o prefeito Vittorio Medioli aderiu a proposta. Depois, os vereadores foram até a Apac de Itaúna conhecer a metodologia. Sem esse apoio do Executivo e do Legislativo, não teríamos como avançar com esse projeto. Agora, teremos a primeira Apac do Brasil construída em parceria com a iniciativa privada”, disse Marilene Durães.

No Brasil, existem 53 Apacs em funcionamento e 80 sendo implantadas. O índice de reincidência é de 15%, enquanto que o do sistema convencional é de 80%.