A Prefeitura de Betim assinou, nesta semana, um Termo de Ajustamento Municipal com a empresa responsável pelo Cemitério Parque Bosque da Esperança, em Belo Horizonte, para a instalação de um crematório na cidade.
Como contrapartida, a empresa realizará a cremação, sem ônus para as famílias que optarem pelo processo, de todos os corpos cuja causa da morte for suspeita ou confirmada por Covid-19, durante o período da pandemia. Além das vítimas de coronavírus, o município terá, em contrapartida, dez cremações por mês, ao longo de dois anos, que podem ser destinadas a famílias de baixa renda e que não tenham a mínima condição de arcar com funerais. Em todas as situações, as cinzas serão entregues para os familiares entre cinco e sete dias depois do procedimento.
A medida emergencial segue a Nota Técnica da Vigilância à Saúde, que apresenta orientações relacionadas a funerárias, velórios, salas de autópsia, transporte e cuidados com o corpo após morte suspeita ou confirmada por coronavírus.
Para o secretário municipal de Saúde de Betim, Guilherme Carvalho, a iniciativa é acertada e tem o objetivo de limitar a propagação do vírus na cidade: “Estamos observando o tempo todo o que acontece no restante do mundo e, de certa forma, aprendendo com a experiência vivida por outros países. Tudo isso nos permitiu tomar decisões de prevenção antes mesmo que a pandemia chegasse à nossa cidade, como estabelecer o isolamento social, o fechamento das atividades não essenciais, a abertura do Hospital de Campanha, a distribuição de álcool líquido 70%, entre outras. Esperamos, com isso, reduzir o impacto da doença no município e, consequentemente, o agravamento dela, que pode levar a óbito”.
No Brasil, o número de mortos por coronavírus subiu para 800 até a última quarta-feira, de acordo com o Ministério da Saúde. Foram 133 óbitos registrados em apenas um dia. No total, foram 15.927 casos confirmados, um aumento de 2.210 diagnósticos positivos em 24 horas. Em Betim, já são seis casos confirmados e nenhuma morte.
“A cremação não será obrigatória e será feita por uma empresa especializada, que entregará as cinzas aos familiares em uma urna, com todos os cuidados necessários”, destacou o secretário Guilherme Carvalho.
Ações
Desde o dia 22, estão suspensos em Betim os velórios, e os sepultamentos ocorrem no cemitério com a presença limitada a quatro familiares e um religioso. As urnas chegam lacradas da funerária e são levadas diretamente aos jazigos.
Ação do município quer evitar caos no sistema funerário
A iniciativa da Prefeitura de Betim de oferecer a cremação de pessoas que por ventura falecerem em decorrência da Covid-19 visa evitar que o sistema funerário do município entre em colapso, assim como vem ocorrendo em várias localidades do mundo que não agiram com planejamento, a exemplo de Guayaquil, segunda maior cidade do Equador, onde não há caixões para todos os mortos, e os cemitérios não conseguem atender as famílias. O país registrou o primeiro caso da Covid-19 no dia 29 de fevereiro.
“Estamos agindo preventivamente, nos preparando para o que pode vir. Um dos problemas enfrentados por outros países é o colapso não apenas na saúde pública, mas no destino correto das vítimas. Países como Itália, Equador e Estados Unidos, por exemplo, não têm mais espaço para enterrar as vítimas de coronavírus. Queremos em Betim dar um destino mais humano aos doentes e que, ao mesmo tempo, garanta a segurança dos profissionais que trabalham com a manipulação dos corpos, já que a alta carga viral que acompanha o óbito se apresenta como fator de risco”, salientou o secretário de Saúde de Betim, Guilherme Carvalho.