Desdobramentos

Número de sepultamentos em Betim registra aumento de 8,2%

Com a pandemia, foram enterradas 102 pessoas a mais em relação a 2019

Publicado em 10 de setembro de 2020 | 22:38

 
 
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Mesmo com mais de seis meses de pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o número de pessoas sepultadas em 2020 nos quatro cemitérios municipais da cidade de janeiro a agosto deste ano cresceu apenas 8,2% se comparado ao mesmo período do ano passado. 

O número não apresenta grandes variações em relação a outros anos. Em 2019, por exemplo, foram 1.241 enterros de janeiro a agosto, 66 a mais em relação a 2018, o que representou um crescimento de 5,6% na época. Neste ano, foram sepultadas 1.343 pessoas nos primeiros oito meses. Desse total, 158 (11,7%) foram em decorrência da Covid, entre suspeitos e confirmados. Duas pessoas também foram cremadas. 

Boletim emitido pela Secretaria Municipal de Saúde revelou que, até o dia 31 de agosto, a cidade registrava 175 óbitos em decorrência do novo coronavírus. “A diferença entre o número de sepultamentos pode estar relacionada a pessoas que foram enterradas em outras cidades ou em cemitérios particulares”, afirmou o gerente de cemitérios de Betim, Márcio Aurélio Martins.

Para o secretário adjunto de Saúde, Augusto Viana, o número de sepultamentos pelo novo coronavírus comprova que Betim é uma das cidades com menos óbitos a cada 100 mil habitantes entre as mais populosas de Minas. Betim tem, até essa quinta (10), uma taxa de 40 óbitos a cada 100 mil habitantes, número menor que Belo Horizonte (43), Contagem (46) e Uberlândia (66). “Somos solidários a todos os familiares que perderam seus entes queridos e vale ressaltar que, dentre as cidades mais populosas de Minas, Betim tem uma das menores taxas de mortes a cada 100 mil habitantes, mesmo sendo um dos poucos municípios que realizaram testes em todas as pessoas que morreram com suspeita da doença. Desde o início da pandemia até o último dia 8, Betim fez 31.969 exames, entre PCR e testes rápidos”, afirmou. 

De janeiro a agosto, o mês que apresentou a maior alta foi julho, época do pico da pandemia em Minas, quando 189 pessoas foram sepultadas, contra 177 em 2019.

Novas regras
Se nos números de sepultamento a pandemia não apresentou uma variação muito acima do esperado na cidade, a Covid-19 alterou de forma drástica os rituais de despedida de um ente querido.

Para evitar a propagação do novo vírus, desde março, a Prefeitura de Betim suspendeu os velórios e as visitações nos cemitérios municipais. Dentre as restrições, estão a duração máxima dos sepultamentos, que não podem ultrapassar os 20 minutos, a permissão de apenas quatro familiares e um religioso na cerimônia e o fechamento dos caixões, que só podem ter o visor aberto em caso de comprovação de que a morte não tenha nenhuma relação com a Covid-19. “Essas regras são importantíssimas porque sabemos de casos em que os familiares forçaram a abertura de um caixão, em um município vizinho, e, logo em seguida, os envolvidos foram diagnosticados com o vírus”, ressaltou o gerente de cemitérios de Betim. 

Melhorias nos cemitérios
Ao longo dos últimos três anos, a situação dos cemitérios municipais de Betim se transformou, com o investimento na estrutura e limpeza dos locais. Desde 2017, a gestão do prefeito Vittorio Medioli vem investindo R$ 3,6 milhões por ano em obras estruturais e de manutenção dos cemitérios municipais.

De acordo com a presidente da Ecos, Marinésia Makatsuru, essas ações trouxeram mais dignidade, conforto e segurança para as pessoas que precisam enterrar seus entes queridos na cidade. “Foram realizadas melhorias importantes, como reforma de velórios, adaptação de banheiros para pessoas com necessidades especiais, concretagem e pavimentação das vias de acesso, construção de dois ossuários (onde são depositados os ossos dos corpos exumados), digitalização de documentos, além da instalação de câmeras de segurança em todos cemitérios e do início da construção de seis capelas- velório”, afirmou.

Outra conquista importante foi a aprovação da lei municipal 6464/19, que reduziu o prazo para exumação dos corpos de cinco para três anos. 

Medidas
A Prefeitura de Betim tomou medidas para garantir a segurança de quem trabalha nos cemitérios municipais. Além de macacões específicos, a parametrização dos profissionais inclui luvas, botas e máscaras. Álcool em gel também está sendo disponibilizado. Todos os materiais de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) usados são recolhidos pela ECOS, que é responsável por realizar o descarte correto seguindo todos os protocolos para evitar a contaminação.

Crematório
Em abril, a Prefeitura de Betim assinou um Termo de Ajustamento Municipal (TAC) com a empresa responsável pela gestão do Cemitério Parque Bosque da Esperança, que tem sede em Belo Horizonte, para a instalação de um crematório na cidade. Como contrapartida, será realizada a cremação, sem ônus para as famílias que optarem pelo processo, de todos os corpos cuja causa da morte for suspeita ou confirmada por Covid-19, durante todo o período da pandemia. Além disso, o município terá, em contrapartida, dez cremações por mês, ao longo de dois anos.